Vencer a função destrutiva mais poderosa com uma fé intrépida: herdando a coragem e a determinação de Nitiren Daishonin - por Daisaku Ikeda
TERCEIRA CIVILIZAÇÃO, EDIÇÃO Nº 492, PÁG. 44, AGOSTO DE 2009.
Quando uma pessoa comum dos Últimos Dias estiver pronta para atingir o estado de Buda, tendo percebido a essência de todos os ensinos sagrados da existência do Buda e compreendido o coração da doutrina fundamental contida em Grande Concentração e Discernimento, esse demônio [o Demônio do Sexto Céu] reagirá com surpresa. “Isso é muito vergonhoso. Se eu permitir que essa pessoa permaneça em meu domínio, não apenas se libertará dos sofrimentos de nascimento e morte como também conduzirá outros à iluminação. Além disso, tomará meu domínio [este mundo saha de sofrimento] e o transformará numa terra pura. O que devo fazer?” O Rei Demônio, então, convoca todos os seus servos do mundo tríplice do desejo, da forma e da não-forma e declara: “Agora, cada um de vocês vá e persiga esse devoto. Atormentem-no empregando cada qual sua habilidade. Se falharem em fazê-lo abandonar a prática budista, entrem na mente dos discípulos e seguidores e também dos compatriotas dessa pessoa e então, tente persuadi--la ou ameaçá-la. Se essas tentativas também fracassarem, eu próprio descerei e possuirei a mente e o corpo do soberano para perseguir esse devoto. Juntos, como podemos falhar em impedi-lo de atingir o estado de Buda?” Eu, Nitiren, há muito tempo sei de tudo isso e, por esse motivo, entendo como é difícil para uma pessoa comum dos Últimos Dias tornar-se um buda nesta existência. *** Quanto aos meus ensinos, considere os que transmiti antes do meu exílio na Província de Sado como equivalentes aos ensinos pré-Sutra de Lótus do Buda. (...) Na noite do décimo segundo dia do nono mês, no oitavo ano de Bun’ei (1271), quase fui decapitado em Tatsunokuti. Compadeci-me, nesse momento, de meus discípulos, pois ainda não tinha revelado a nenhum deles meu verdadeiro ensino. Com isso em mente, transmiti secretamente meu ensino aos discípulos da Província de Sado. Após o falecimento do Buda, grandes estudiosos e mestres, tais como Mahakashyapa, Ananda, Nagarjuna, Vasubandhu [da Índia], Tient’ai, Miao-lo [da China], Dengyo e Guishin [do Japão] sabiam desse ensino, mas guardaram-no em seu coração e não o expressaram em palavras. A razão disso foi que o Buda os havia proibido de propagar, alertando: “Após o meu falecimento, esta grande Lei não deve ser revelada até a chegada dos Últimos Dias da Lei”. Posso não ser um emissário do Buda, mas meu aparecimento neste mundo coincide com a era dos Últimos Dias. Além disso, muito repentinamente, vim a compreender este ensino, que agora exponho a fim de preparar o caminho para o sábio. Com o surgimento deste ensino, todos os outros defendidos pelos eruditos e pelos mestres budistas durante os Primeiros e Médios Dias da Lei são como estrelas após o nascer do Sol, ou como um aprendiz inábil ao lado de um artesão exímio. Está escrito que, uma vez que esse ensino for revelado nesta era, as imagens do Buda e os sacerdotes dos templos construídos nos Primeiros e Médios Dias, perderão o poder de beneficiar as pessoas, e somente este grande ensino será propagado em todo o Jambudvipa [o mundo inteiro]. Como todos os senhores possuem uma ligação com ele, devem ficar tranquilos. (WND-1, pp. 894-896.)
Explanação
Meu mestre e segundo presidente da Soka Gakkai, Jossei Toda, costumava dizer: “Na hora de lutar contra um grave carma ou de realizar nossa revolução humana, os grandes obstáculos e adversidades podem ser um poderoso impulso que nos faz avançar. Ninguém muda o carma, passando por um caminho plano e liso”. Quanto maiores são as dificuldades e os obstáculos que enfrentamos, mais elevado é o estado de vida que podemos desenvolver. Portanto, não devemos nos intimidar pelos “três obstáculos e quatro maldades”,1 ou seja, pelos impedimentos que invariavelmente surgem quando realizamos a prática budista.
Com a sabedoria derivada da fé, devemos detectar essas funções, reconhecer o verdadeiro propósito e natureza delas tal como explicam os ensinamentos de Nitiren Daishonin, e considerar o aparecimento destas como uma oportunidade para transformar o carma. Mais do que nunca, devemos nos levantar com coragem e convicção, recitar Daimoku com firme determinação e avançar dispostos a triunfar.
Daishonin diz: “Os três obstáculos e as quatro maldades invariavelmente aparecerão, e o sábio se alegrará, enquanto o tolo se acovardará”.2 Não há meio-termo: ou avançamos ou retrocedemos. Ou nos acovardamos e nos deixamos vencer pelas funções destrutivas — a negatividade própria de nossa vida ou da vida alheia — ou desafiamos e aprofundamos nossa convicção na fé. Essa diferença em nossa determinação definirá o resultado final.
O próprio Buda Nitiren Daishonin teve de passar por grandes provações, como a Perseguição de Tatsunokuti e o exílio na Ilha de Sado. Porém, ele as enfrentou com total compostura e confiança.
Quando um ser humano luta contra árduas adversidades, consegue estabelecer na vida um estado de felicidade indestrutível. Seu exemplo, por sua vez, pode incentivar inúmeras outras pessoas a também se libertarem dos sofrimentos.
A essência das funções maléficas está em privar as pessoas dos benefícios e até da própria vida.3 Isso é possível enfraquecendo a determinação da pessoa. Essas funções destroem no indivíduo o desejo de buscar o Caminho para a iluminação ou de continuar avançando por ele. Consequentemente, os que perseveram na fé e mantêm o firme compromisso com esse avanço são invulneráveis aos ataques das funções negativas. Desenvolver essa força interior é o verdadeiro propósito da prática budista.
No escrito que estudaremos nesta ocasião, “Carta a Misawa”, Daishonin exorta a seus seguidores a continuarem se empenhando junto dele em prol do Kossen-rufu sem se deixar intimidar pelas dificuldades, ou seja, a travar a luta entre a natureza de Buda e a própria negatividade inerente.
Julho é o mês em que os primeiros três presidentes da Soka Gakkai — unidos pelos laços de mestre e discípulo — se levantaram para enfrentar a natureza maléfica do poder.4 Neste mês [julho de 2008], estudaremos este escrito de Daishonin e, por meio dele, desenvolveremos a fé intrépida necessária não só para vencer o Rei Demônio do Sexto Céu5 mas também para viver em nosso âmago a unicidade de mestre e discípulo.
Quando uma pessoa comum dos Últimos Dias estiver pronta para atingir o estado de Buda, tendo percebido a essência de todos os ensinos sagrados da existência do Buda e compreendido o coração da doutrina fundamental contida em Grande Concentração e Discernimento, esse demônio [o Demônio do Sexto Céu] reagirá com surpresa. “Isso é muito vergonhoso. Se eu permitir que essa pessoa permaneça em meu domínio, não apenas se libertará dos sofrimentos de nascimento e morte como também conduzirá outros à iluminação. Além disso, tomará meu domínio [este mundo saha de sofrimento] e o transformará numa terra pura. O que devo fazer?” O Rei Demônio, então, convoca todos os seus servos do mundo tríplice do desejo, da forma e da não-forma6 e declara: “Agora, cada um de vocês vá e persiga esse devoto. Atormentem-no empregando cada qual sua habilidade. Se falharem em fazê-lo abandonar a prática budista, entrem na mente dos discípulos e seguidores e também dos compatriotas dessa pessoa e então, tente persuadi--la ou ameaçá-la. Se essas tentativas também fracassarem, eu próprio descerei e possuirei a mente e o corpo do soberano para perseguir esse devoto. Juntos, como podemos falhar em impedi-lo de atingir o estado de Buda?”
Eu, Nitiren, há muito tempo sei de tudo isso e, por esse motivo, entendo como é difícil para uma pessoa comum dos Últimos Dias tornar-se um buda nesta existência. (WND-1, pp. 894-895.)
O poder de vencer o Rei Demônio é a característica de um autêntico mestre do budismo
No início de “Carta a Misawa”, Daishonin descreve de maneira simples a natureza do Rei Demônio do Sexto Céu, a qual ele compreendia perfeitamente. Daishonin o faz para explicar que ele mesmo teve de enfrentar grandes e sucessivas perseguições devido a essa função malévola, e para mostrar que a pessoa que vence o Rei Demônio está qualificada a ser um genuíno mestre do budismo dos Últimos Dias da Lei.
“Carta a Misawa” [escrita em Minobu] data de 23 de fevereiro de 1278. Foi endereçada a um seguidor com esse nome, um senhor feudal que vivia e administrava um feudo em Misawa, distrito de Fuji, na província de Suruga (atual Shizuoka). Pelo conteúdo da carta, podemos supor que Misawa e Daishonin permaneceram sem manter contato por um bom tempo. Talvez a razão disso tenha sido o enfraquecimento na fé de Misawa. Outro provável motivo é que Daishonin, preocupado com a situação na província de Suruga, tenha evitado aproximar-se [para proteger os seguidores].
Suruga era uma região de importância estratégica para o governo de Kamakura, não só pelo transporte civil como também pelo deslocamento militar. Ali se estendiam vastos feudos sob o controle direto de membros do clã governante Hojo. Os seguidores de Daishonin — cujos movimentos eram vigiados de perto pelas autoridades — eram obrigados a agir com extrema cautela e prudência nessa região.7 A essas circunstâncias somava-se ainda a Perseguição de Atsuhara (também no distrito de Fuji, província de Suruga), que estava se desenvolvendo desde 1278, ano em que esta carta foi escrita, e que atingiria o momento mais crítico no ano seguinte.8
É evidente, a partir desta carta, que tais circunstâncias em Suruga levaram Daishonin a agir com cautela para não causar a Misawa uma perseguição por parte dos governantes. Porém, quando chegou um mensageiro deste seguidor, de quem havia tempo não recebia notícias, Daishonin decidiu aproveitar a oportunidade para oferecer encorajamento e orientações que o ajudassem a fortalecer a fé.
Na carta, Daishonin esclarece três pontos principais: primeiro, explica que a batalha contra o Rei Demônio do Sexto Céu o tem levado a enfrentar severas perseguições. Ele diz isso com o estado imperturbável de quem triunfou absolutamente sobre o Rei Demônio. Nesta parte, Daishonin revela o significado dos obstáculos que surgem na prática budista e esclarece os requisitos que um verdadeiro mestre do budismo deve ter. Em vista dos problemas que estavam ocorrendo em Atsuhara, também transmite a Misawa a essência da fé da Lei Mística, para que seu discípulo, munido de firme fé, resista às adversidades iminentes.
A benevolência de um genuíno mestre budista é como o amor de uma mãe, que carinhosamente abraça e encoraja os que estão sofrendo. Ao mesmo tempo, é também como a rigorosidade de um pai, que forja a autoconfiança e independência nas pessoas para que sejam capazes de conquistar a própria felicidade. Nas referências à sua luta extrema, Daishonin transmite a Misawa importantes lições sobre a fé. Podemos interpretar isso como uma expressão da rigorosidade de um pai.
Segundo, Daishonin afirma que o conjunto de seus ensinos deve ser classificado em dois períodos: antes e depois do exílio na Ilha de Sado. Da mesma forma que os ensinos de Sakyamuni se dividem em doutrinas provisórias ou pré-
-Sutra de Lótus, e doutrina essencial do Sutra de Lótus,9 Daishonin enfatiza que é necessário uma distinção crítica entre o que ele ensinou antes de seu exílio na Ilha de Sado e o que expôs desse momento em diante.10
Enquanto o primeiro ponto se refere ao vasto estado de vida de Daishonin, e foca o aspecto da Pessoa, este segundo ponto diz respeito à classificação dos ensinos de Daishonin em “antes de Sado” e “depois de Sado”, e está centrado no aspecto da Lei.11
Estritamente falando, as doutrinas que incluímos na categoria “depois de Sado” são todas aquelas que ele expôs a partir do momento que “abandonou a identidade transitória e revelou a verdadeira”,12 durante a Perseguição de Tatsunokuti, quando conquistou vitória absoluta na batalha contra o Rei Demônio do Sexto Céu.
A diferença mais notável entre os ensinos de Daishonin expostos antes e depois do exílio na Ilha de Sado, é que os últimos mencionam explicitamente o Gohonzon, o objeto de devoção.
Daishonin inscreveu o Gohonzon como a representação da suprema iluminação — o estado de vida mais nobre e elevado — que ele próprio havia atingido, sem deixar de ser um mortal comum. Dessa forma, ele nos brindou o límpido espelho onde se reflete a iluminação de todos os seres humanos. O Gohonzon é um espelho e um guia para que as pessoas dos Últimos Dias da Lei possam se conscientizar da dignidade e nobreza incomparáveis que há na vida de cada uma delas. O objeto de devoção incorpora o “grande ensino a ser propagado no mundo inteiro” nos Últimos Dias.13
Nesta carta, Daishonin esclarece a Misawa a diferença entre os ensinos expostos antes e depois do exílio na Ilha de Sado, e o encoraja dizendo que ele e os demais discípulos “devem ficar tranquilos”14 por possuírem uma relação com esse grande ensino.
Quanto ao terceiro ponto, Daishonin enfatiza, de forma inequívoca, que os ensinos errôneos da escola Verdadeira Palavra15 — a cujas orações o governo recorrera para vencer os mongóis16 — na realidade, conduziram o país à destruição. Para corroborar essas afirmações, ele cita exemplos de governantes da China e do Japão do passado que haviam depositado de forma equivocada fé nos ensinos da escola Verdadeira Palavra, tendo como único resultado a própria ruína.17 Dessa forma, Daishonin procura fazer com que Misawa reconheça o erro das autoridades e reflita sobre o grave perigo que ameaça o país. Podemos deduzir que Nitiren Daishonin tencionava despertar Misawa para que a fé do seguidor não fosse afetada caso houvesse um debate público18 entre os discípulos de Daishonin e os sacerdotes da escola Verdadeira Palavra.
Nitiren Daishonin já havia analisado estes três pontos em várias oportunidades, como em seu tratado “Abertura dos olhos”, que ele havia composto durante e depois de seu exílio na Ilha de Sado. Esses pontos constituíam doutrinas de grande importância que, em tempos como aquele, somente podiam ser mencionados e transmitidos com extrema cautela e prudência. Por esta razão, tudo indica que Daishonin não os comentou em detalhes a Misawa, um morador da região de Suruga que corria alto risco de ser perseguido pelas autoridades.
Como a sombra da perseguição agigantava-se sobre a comunidade de seguidores daquela província, Daishonin, com sua imensa benevolência, desejava ajudar Misawa a fortalecer a fé, oferecendo-lhe um resumo dos pontos mais importantes do ensinamento budista.
A fé é uma luta contra os três obstáculos e as quatro maldades
Em “Carta a Misawa”, Nitiren Daishonin analisa em detalhes a natureza essencial do Rei Demônio do Sexto Céu.
Ele começa observando que, embora sejam muitos os que estudam o budismo, na realidade, são poucos os que conseguem atingir o estado de Buda. Primeiro porque é extremamente difícil encontrar um mestre correto. Segundo porque os que conseguem praticar corretamente, estão sujeitos a enfrentar, sem falta, os três obstáculos e as quatro maldades.19
Quando praticamos o ensino correto do budismo, sem falta surgem os três obstáculos e as quatro maldades, “assim como é inevitável uma sombra seguir o corpo e as nuvens acompanharem a chuva”.20 O mais temível dos três obstáculos e das quatro maldades é o Rei Demônio do Sexto Céu, a última das quatro maldades. Nesta carta, Daishonin declara que, embora seja possível repelir a função dos três obstáculos (obstruções ou resistências provocadas pelos desejos mundanos, pelo carma e pela retribuição) e ser imune às três primeiras das quatro maldades (o impedimento dos desejos mundanos, dos cinco componentes e da morte)21 — não se pode atingir o estado de Buda se sucumbir à ação negativa do Rei Demônio.
Numa explanação sobre “Carta a Misawa”, o Sr. Toda comentou: “Se conseguirem praticar corretamente o budismo, mantendo a fé, serão capazes de sobrepujar também o impedimento da morte e até prolongar a vida. Conheço muitas pessoas que conseguiram isso. [...] Poderão vencer o impedimento da morte. A maldade mais temível é a última [das quatro maldades]: o Rei Demônio. Ao examinarmos a vida dos que abandonaram a fé, veremos que, no geral, essas pessoas se deixaram manipular pela função do Rei Demônio”.22
O Sr. Toda sempre proferia suas explanações com uma incrível convicção. Em outra ocasião, ele nos disse: “Enquanto tiverem fé, poderão vencer até mesmo o impedimento da morte e tornar realidade o princípio de prolongar a vida por meio da fé”.23 Isso era algo que o Sr. Toda demonstrou pessoalmente. Por isso, ele sempre nos exortava a ter consciência da forma insidiosa e sutil com que a função do Demônio do Sexto Céu atua.
De fato, o Rei Demônio é o maior inimigo em nossos esforços para atingir o estado de Buda, por representar a escuridão fundamental24 inerente em nossa própria vida.
A escuridão fundamental se manifesta por meio da função chamada “Rei Demônio”
Nitiren Daishonin afirma: “A escuridão fundamental se manifesta como o Rei Demônio do Sexto Céu”.25 A escuridão fundamental é a ignorância primordial, a incapacidade de reconhecer que tanto nós como as demais pessoas — e, tudo o mais no Universo — são entidades ou manifestações da Lei Mística.
Tal ignorância essencial é a origem de todas as outras ilusões que causam sofrimento e miséria. Também se manifesta como impulsos obscuros que levam a atos negativos e destrutivos. Visto que essa ilusão profunda é mais difícil de reconhecermos ou identificarmos, ela pode influenciar nossa vida sem nos darmos conta disso. E pelo fato de ser inerente a todas as formas de vida, essa escuridão produz impulsos obscuros não só em nós mas também nos demais.
Essa poderosa função negativa age de maneira incrivelmente sutil e insidiosa, manipulando livremente as pessoas. Por isso, é referida de forma metafórica como “Rei Demônio”, ou “Demônio que se Regozija em Manipular Livremente as Pessoas e Usurpar o Fruto dos Esforços Delas”.
Em última instância, apesar de toda a sua influência destrutiva ou negativa, a escuridão fundamental nada mais é que ignorância e, por isso, pode se vencida com a sabedoria. O Buda é aquele que faz surgir a sabedoria necessária para dissipar a ignorância. A sabedoria suprema para conquistar essa vitória se encontra no ensino correto do budismo, ou seja, no Sutra de Lótus de Sakyamuni e no ensino de Nam-myoho-
-rengue-kyo dos Três Grandes Ensinos Fundamentais26 exposto por Nitiren Daishonin.
Podemos vencer a escuridão fundamental exatamente como somos, como pessoas comuns, mediante a fé no ensino correto que nos possibilita obter a sabedoria do estado de Buda. Ou seja, substituindo a sabedoria por fé.27 O poder que nos permite vencer a escuridão fundamental é, unicamente, a força da fé, nossa postura de fé, para ativar a sabedoria iluminada inerente em nossa vida.
Nesta carta, Daishonin esclarece a natureza terrível do Rei Demônio do Sexto Céu. Com o exemplo das próprias ações, ele nos mostra que nossa luta espiritual interior é a força capaz de vencer o Rei Demônio.
Daishonin explica que este mundo saha em que vivemos é um território dominado pelo Rei Demônio. O mundo humano — configurado pelas funções de nossos desejos, atos físicos e as atividades espirituais e intelectuais [que refletem os três mundos do desejo, da forma (matéria) e o da não-forma (espírito)]28 — está sujeito a um ciclo interminável de sofrimento derivado da escuridão fundamental e, por isso, pode ser considerado como o território do Rei Demônio.
O que o Rei Demônio mais teme? A possibilidade de as forças do Buda se multiplicarem e conquistarem seus domínios. Quando um devoto da Lei Mística atinge a iluminação, o ensino correto do budismo, não se detém na conquista pessoal. Isto porque uma vez iluminado, busca libertar os outros do jugo destrutivo representado pela escuridão do Rei Demônio. Por isso, o Rei Demônio vale-se de todos os seus servos e funções subsidiárias, e faz tudo o que estiver ao seu alcance para perseguir esse devoto.
Esses servos são referidos como “os dez tipos de exércitos” do Rei Demônio.29 Representam as várias ilusões ou desejos que surgem da escuridão fundamental para impedir a prática budista, e que se manifestam, um após o outro, como uma legião infindável de “demônios”. Os impedimentos dessa natureza se expressam em forma de: (1) avareza ou cobiça; (2) aflições e preocupações; (3) fome e sede; (4) amor ao prazer (luxúria); (5) preguiça e inércia; (6) medo; (7) dúvida e lamentação; (8) ira; (9) obsessão por riqueza e fama; e (10) arrogância e menosprezo aos demais.
Se o devoto do ensino correto não se deixar intimidar por essas funções, afirma Daishonin, o Rei Demônio ordenará aos serviçais que “entrem” na vida dos discípulos do devoto, nos seguidores leigos, em outras pessoas da comunidade, e fará com que estes o persigam. Isso significa que a escuridão fundamental inerente à vida dessas pessoas é estimulada a agir como funções negativas.
Na Índia, por exemplo, Devadatta,30 Sunakshatra31 e o rei Ajatashatru32 foram detratores e inimigos do Buda Sakyamuni, enquanto no Japão, ex-discípulos desprovidos de fé, como Sammi-bo,33 a monja leiga de Nagoe34 e outros, se voltaram contra Daishonin. A causa essencial da deslealdade e traição dessas pessoas é que todas haviam sucumbido aos exércitos do Rei Demônio. Até os cinco sacerdotes seniores — a quem Daishonin havia designado como guardiães de seus ensinos, junto com Nikko Shonin — com o tempo se voltaram contra o mestre. Nenhum deles entendeu a insistente exortação de Nikko Shonin para que praticassem com o mesmo espírito que Daishonin.
Nitiren Daishonin atribui as razões do abandono e da traição de Sammibo, da monja leiga de Nagoe e de outros à covardia, à arrogância, à avareza e ao ceticismo.35 Todos eles sucumbiram à influência dos “exércitos” do Rei Demônio: a “obsessão por riqueza e fama”, “arrogância e menosprezo aos demais”, o “medo”, a “dúvida e lamentação” e a “ira”. Como resultado, não conseguiram permanecer no mundo puro da fé. Em síntese, deixaram que sua fé fosse destruída. Porém, como eram incapazes de admitir a própria derrota, reagiram com ressentimento e calúnia contra os que praticavam corretamente.
Em épocas mais recentes, os indivíduos deploráveis que não só abandonaram os dois primeiros presidentes, Tsunessaburo Makiguti e Jossei Toda, mas também falaram mal deles, eram todos pessoas exatamente assim.
Por volta de 1950, os negócios do Sr. Toda encontravam-se na pior crise. Testemunhei com meus próprios olhos pessoas que até então o chamavam de “mestre”, mudarem totalmente. De um dia para o outro, passaram a criticá-lo e a desprezá-lo. Como puderam ser tão ingratos? Essa experiência me permitiu compreender, a triste realidade de quão vulneráveis os seres humanos podem ser às ações insidiosas da própria escuridão fundamental. Jurei firmemente que enfrentaria todos os ingratos que retribuíram à imensa bondade do Sr. Toda com traição.
Esquecer a profunda dívida de gratidão ao mestre demonstra a debilidade dos que sucumbem à função do Rei Demônio do Sexto Céu. Quando decidimos jamais nos afastar do caminho de mestre e discípulo, desenvolvemos a capacidade de reconhecer essas funções no nível mais profundo e as refutamos.
Decidi mostrar o que, de fato, significava viver com gratidão ao mestre de acordo com a fé, ou seja, traduzir em ações essa gratidão. Acredito que, por ter sido capaz disso, experimentei na própria vida a verdadeira força interior derivada da vitória sobre a ignorância e a escuridão fundamental. Também tenho absoluta convicção de que pelo fato de a Soka Gakkai ter perseverado no caminho de mestre e discípulo e vencido cada batalha contra as funções maléficas, fomos capazes de propagar os ensinos humanísticos do Budismo de Nitiren Daishonin ao mundo inteiro.
O Budismo de Nitiren Daishonin é um ensino que ilumina o significado de viver como um ser humano. É uma filosofia centrada no ser humano, que nos ensina a cultivar nosso humanismo na expressão mais elevada por meio de empreendermos a grande luta espiritual contra o Rei Demônio do Sexto Céu.
Voltando à passagem de “Carta a Misawa”, Daishonin diz que as funções subsidiárias do Rei Demônio — os “exércitos demoníacos” — fracassam na tentativa de influenciar o devoto do ensino correto e não conseguem fazer com que ele abandone a fé. Então, nesse caso, o próprio Rei Demônio desce da morada celestial e se aloja no corpo do governante para perseguir o devoto. Isso representa a ativação da natureza maléfica do poder.
Que natureza é essa? É a função negativa suprema manifestada pela escuridão fundamental, que rejeita a ideia de que todos os seres humanos são entidades da Lei Mística de nobreza inquestionável. Mais especificamente, é a tendência de menosprezar a vida humana e utilizar os semelhantes como meios para atingir fins malignos. A natureza maléfica do poder é a manifestação mais poderosa das funções negativas que impregnam o mundo humano, que toma forma quando a escuridão ou a ignorância fundamental é ativada.
Quando Daishonin declara que o Rei Demônio se apossará do corpo do governante, ele quer dizer que as funções negativas derivadas da escuridão fundamental dominarão a vida das autoridades. Também expressa que a sociedade como um todo — cuja figura chave é o governante — começara a agir com base na ilusão e na negatividade, derivadas dessa ignorância ou escuridão profunda. Em suma, a sociedade estará controlada por pessoas de mente confusa e distorcida. [Em sua “Tese sobre o estabelecimento do ensino correto para a paz da nação”], Daishonin afirma que essa situação é um claro exemplo da passagem do Sutra onde se lê: “Demônios malignos se apossarão dos outros”,36 e “[Quando uma nação fica em desordem, são os espíritos quem primeiro mostram sinais de violência”.37
“Jamais pensei em retroceder”
Depois de explicar quão difícil é resistir aos obstáculos causados pelo Rei Demônio do Sexto Céu, Daishonin analisa a própria luta colossal. Em particular, menciona que mesmo antes de estabelecer seu ensino, tinha plena consciência do surgimento inevitável desse grande mal quando alguém se levanta decidido a realizar o Kossen-rufu.
Nitiren Daishonin prossegue dizendo que a pessoa que expõe o ensino budista correto nos Últimos Dias da Lei, sem falta, enfrentará grandes perseguições, e que estas serão “cem, mil, dez mil, um milhão de vezes maiores que nos tempos do Buda”.38 Não obstante, afirma que, se a pessoa tem consciência deste ensino, mas não o propaga, destina a si própria a cair “na grande cidade do inferno de incessante sofrimento”.39
Assim, Daishonin descarta qualquer ideia de preservar ou poupar a vida e se levanta decidido a seguir o sublime caminho para conduzir todos os seres à iluminação. Nesse momento, toma uma importante decisão. Ele declara: “Nesta existência, sabia que se eu estivesse realmente determinado a enfrentar as piores provações, teria de falar abertamente”.40 Por causa desse firme juramento de não retroceder um único passo diante de nenhum obstáculo, pôde abrir o caminho para que esta filosofia budista centrada no ser humano se propagasse pelo eterno futuro dos Últimos Dias da Lei.
Neste escrito, Daishonin declara que havia, de fato, encontrado inúmeras perseguições, tal como esperava, mas que sua satisfação era imensa, livre de quaisquer dúvidas ou arrependimentos. Percebemos nesse ponto a essência da fé que possibilita vencer o Rei Demônio do Sexto Céu — uma fé autônoma, que não depende de nada externo. Essa luta não depende de ninguém mais, senão de nós mesmos. Somos nós que devemos determinar a nos levantar e enfrentar todas as adversidades. Somente então poderemos propagar o Budismo de Nitiren Daishonin amplamente para todas as pessoas.
A fé autônoma e independente é aquela que não retrocede diante de nada. Devemos manter a decisão de continuar avançando, por piores que sejam os obstáculos. Mesmo que nos encontremos em dificuldades extremas, devemos cerrar os dentes, nos levantar e nos recusar a sermos vencidos! O primeiro passo para o futuro progresso está em nos manter firmes até que o poder do Rei Demônio se extinga. Temos de avançar com coragem, haja o que houver. Precisamos fortalecer muito mais nossa determinação interior, como as ondas, que se tornam ainda mais fortes ao investirem contra as rochas. A chave para vencer os ataques das funções negativas está em nos munir da disposição de triunfar incondicionalmente, sem que nossa determinação vacile o mínimo.
Daishonin nos mostrou essa atitude com o próprio exemplo. Ele nos deu provas de que é possível superar qualquer função maléfica ou negatividade. Ensinou-nos também que o Kossen-rufu se propaga quando aparecem discípulos dispostos a percorrer o caminho para atingir o estado de Buda com base no ensino correto, com a mesma postura do mestre.
Em um outro escrito, Daishonin destaca: “Nem uma única vez pensei em retroceder”.41 Conforme estas palavras, ele nunca pensou em abandonar a luta contra o Rei Demônio do Sexto Céu. Mesmo durante a Perseguição de Tatsunokuti — uma manifestação da função maligna do poder somada à influência intimidadora do impedimento da morte —, Daishonin triunfou sobre a situação com admirável compostura. Quando ele diz: “Sobrevivi mesmo à Perseguição de Tatsunokuti”,42 está proferindo uma declaração verdadeira de vitória como pessoa comum, capaz de vencer a luta suprema contra o Rei Demônio.
Com relação a esse triunfo, Daishonin também declara: “A essa altura, o Rei Demônio deve estar completamente desencorajado”.43 São palavras de profundo significado. A afirmação de que o poderoso, perverso e astuto Rei Demônio está totalmente desencorajado, creio eu, não só indica a própria vitória pessoal de Nitiren Daishonin mas também significa que ele transmitiu, de forma triunfante, às pessoas das futuras gerações a chave da sabedoria genuína para vencer a escuridão fundamental. Isso se torna evidente quando Daishonin afirma que, mesmo depois da morte dele, se as forças sobreviventes do Rei Demônio enviassem novos exércitos, a maioria delas já havia se rendido a ele.44 Como é grande nosso débito a Daishonin!
Qual é então a chave da genuína sabedoria legada por Daishonin para vencermos a escuridão fundamental? É o Gohonzon, o objeto de devoção da unicidade da Pessoa e da Lei.45 A diferença principal entre os ensinos de Daishonin antes e depois de Sado reside, precisamente, na inscrição deste Gohonzon.
Quanto aos meus ensinos, considere os que transmiti antes do meu exílio na Província de Sado como equivalentes aos ensinos pré-Sutra de Lótus do Buda. (...)
Na noite do décimo segundo dia do nono mês, no oitavo ano de Bun’ei (1271), quase fui decapitado em Tatsunokuti. Compadeci-me, nesse momento, de meus discípulos, pois ainda não tinha revelado a nenhum deles meu verdadeiro ensino. Com isso em mente, transmiti secretamente meu ensino aos discípulos da Província de Sado.46 Após o falecimento do Buda, grandes estudiosos e mestres, tais como Mahakashyapa, Ananda, Nagarjuna, Vasubandhu [da Índia], Tient’ai, Miao-lo [da China], Dengyo e Guishin [do Japão] sabiam desse ensino, mas guardaram-no em seu coração e não o expressaram em palavras. A razão disso foi que o Buda os havia proibido de propagar, alertando: “Após o meu falecimento, esta grande Lei não deve ser revelada até a chegada dos Últimos Dias da Lei”.47 Posso não ser um emissário do Buda, mas meu aparecimento neste mundo coincide com a era dos Últimos Dias. Além disso, muito repentinamente, vim a compreender este ensino, que agora exponho a fim de preparar o caminho para o sábio.48
Com o surgimento deste ensino, todos os outros defendidos pelos eruditos e pelos mestres budistas durante os Primeiros e Médios Dias da Lei são como estrelas após o nascer do Sol, ou como um aprendiz inábil ao lado de um artesão exímio. Está escrito que, uma vez que esse ensino for revelado nesta era, as imagens do Buda e os sacerdotes dos templos construídos nos Primeiros e Médios Dias, perderão o poder de beneficiar as pessoas, e somente este grande ensino será propagado em todo o Jambudvipa [o mundo inteiro].49 Como todos os senhores possuem uma ligação com ele, devem ficar tranquilos. (WND-1, p. 896.)
Propagar o grande ensino para a iluminação de todas as pessoas
O trecho citado acima de “Carta a Misawa” é muito conhecido. Contém a especificação pessoal de Daishonin de que deve ser feita uma clara distinção entre os ensinos anteriores e posteriores ao exílio na Ilha de Sado.
Tendo triunfado sobre o Rei Demônio e revelado sua verdadeira identidade como Buda dos Últimos Dias da Lei, Daishonin declara a seus seguidores que se dedicará ainda mais séria e sinceramente do que nunca a propagar o grande ensino para a iluminação de todas as pessoas.
O sublime ensino de Nam-myoho-rengue-kyo propagado por Daishonin é a verdade eterna e suprema da vida. É profundamente significativo que ele tenha escolhido revelar na Ilha de Sado tanto o objeto de devoção em termos de Pessoa como em termos de Lei.50
Nesta parte da carta, é como se Daishonin proclamasse: “Chegou o momento de propagar este grande ensino!” “Até que surja um sábio, eu o propagarei!” Podemos deduzir que esta passagem esclarece que, para todos os fins práticos, Daishonin é o lorde dos ensinos dos Últimos Dias da Lei”.51 Declara também o significado do ensino que ele está propagando.
O Budismo de Nitiren Daishonin é o Budismo do Sol. Daishonin prediz com total convicção a ascensão do ensino correto e o declínio dos ensinos provisórios, explicando que, quando o grande ensino do Nam-myoho-rengue-kyo surge, os ensinos dos Primeiros e Médios Dias da Lei, outrora influentes, são “como estrelas depois do amanhacer”.52 O Sol, de forma imparcial, brilha e ilumina tudo. A luz do Sol tem o poder de dissipar a escuridão.
Uma era obscura clama por um ensino capaz de ativar e libertar o infinito potencial do ser humano, um ensino poderoso capaz de oferecer às pessoas o meio para romper a escuridão generalizada e a negatividade prevalecentes na sociedade, e triunfar sobre a função do Rei Demônio — a incorporação da escuridão fundamental.
O Budismo de Nitiren Daishonin é uma filosofia de esperança, que ensina que a vida de cada ser humano é infinitamente preciosa e digna de respeito e que todos podem e devem resplandecer como o Sol.
Nosso mundo anseia por uma filosofia de autêntico humanismo. O tempo de o budismo irradiar a luz no cenário da história humana como o sol nascente chegou
Esta parte da carta é concluída com a seguinte declaração de Daishonin: “Como todos os senhores possuem uma ligação com ele, devem ficar tranquilos”.53 Nitiren Daishonin sempre valorizava ao máximo cada um dos seguidores.
A SGI é uma organização diretamente ligada a Daishonin. Nossos membros, em cada localidade, são valentes Bodhisattvas da Terra que assumem voluntariamente a luta contra todo tipo de função negativa, e iluminam nosso mundo conturbado com a luz da Lei Mística — um ensino de esperança e revitalização. Que a glória, a alegria e o triunfo sejam de vocês! Esta é minha ardente oração e meu clamor mais ardoroso.
(Daibyakurengue, edição de julho de 2008.)
Notas
1. Três obstáculos e quatro maldades: Vários obstáculos e impedimentos à prática budista. São classificados no Sutra do Nirvana e no Tratado sobre a Grande Perfeição da Sabedoria, de Nagarjuna. Os três obstáculos são: (1) o obstáculo dos desejos mundanos, que surgem dos três venenos — avareza, ira e estupidez; (2) o obstáculo do carma, ou resistências derivadas do mau carma criado por ter cometido algum dos cinco atos malignos ou dos dez maus atos; (3) o obstáculo da retribuição, causados pelos efeitos cármicos negativos de ações cometidas nos três maus caminhos (estados de Inferno, Fome e Animalidade). As quatro maldades são: (1) o impedimento dos cinco componentes ou obstruções causadas por nossas funções físicas e mentais; (2) impedimento dos desejos mundanos ou obstruções causadas pelos três venenos (avareza, ira e estupidez); e (3) impedimento da morte, devido à própria morte do praticante ou à morte prematura ou intempestiva de um seguidor, gerando dúvidas nos demais; e (4) impedimento do Rei Demônio do Sexto Céu, função destrutiva que se vale de diversas pessoas e circunstâncias para fazer com que o praticante budista abandone a fé. É considerado como o impedimento mais difícil de se superar. 2. WND-1, p. 637. 3. Cf. END-2, p. 15. 4. Por recusarem-se a trair suas convicções religiosas, Tsunessaburo Makiguti, presidente da Soka Kyoiku Gakkai (predecessora da Soka Gakkai) e seu discípulo Jossei Toda (que tempos depois o sucederia como segundo presidente) foram presos pelas autoridades militares durante a Segunda Guerra Mundial, acusados de violar a descabida Lei de Preservação da Paz e de cometer o delito de lesa-majestade — traição contra o Estado. O presidente Makiguti foi preso durante uma viagem a Shimoda, cujo objetivo era promover a propagação do budismo, em 6 de julho de 1943. Por sua vez, Jossei Toda foi detido no mesmo dia na própria residência, em Tóquio. O primeiro morreu no cárcere, em 18 de novembro de 1944, enquanto o discípulo Toda sobreviveu e obteve a liberdade em 3 de julho de 1945. Por notável coincidência, nesse mesmo dia, doze anos mais tarde (em 3 de julho de 1957), Daisaku Ikeda, então coordenador da Secretaria da Divisão dos Jovens, foi preso sob falsa acusação de violação à lei eleitoral e detido em Osaka. Mais tarde, ao término do julgamento, foi inocentado de todas as acusações. 5. Rei Demônio do Sexto Céu: Também chamado “Rei Demônio” ou “Demônio Celestial”. Rei dos demônios que habita o sexto céu, o mais elevado dos seis mundos do desejo. É referido como “Demônio que se Regozija em Manipular Livremente as Pessoas e Usurpar o Fruto dos Esforços Delas”. Função manipuladora da mente das pessoas. 6. Mundo tríplice do desejo, da forma e da não-forma: Refere-se ao mundo em que os seres não-iluminados transmigram pelos seis caminhos (do estado de Inferno ao estado de Alegria ou mundo dos seres celestiais). Em ordem ascendente, é formado pelo mundo do desejo, o mundo da forma (ou matéria) e o mundo da não-forma (espírito ou vida imaterial). (1) O mundo do desejo abarca os quatro maus caminhos — os mundos de inferno (estado de Inferno), dos espíritos famintos (Fome), dos animais (Animalidade) e dos asura (Ira) — e os quatro continentes que circundam o monte Sumeru (que contém o mundo dos seres humanos) e as primeiras seis divisões do céu (a parte inferior do reino dos seres celestiais). Os seres desse mundo vivem à mercê de diversas necessidades, por exemplo, desejo por comida, bebida e sexo. (2) O mundo da forma consta de quatro céus da meditação que, por sua vez, se dividem em dezoito céus (dezesseis ou dezessete segundo outras fontes). Os seres que vivem nesse mundo não têm desejos ou necessidades, porém, conservam a forma física e, portanto, estão sujeitos a certas restrições materiais. (3) O mundo da não-forma abarca o reino do espaço vazio ilimitado; o reino da consciência ilimitada; o reino do nada; o reino que não é pensamento nem não-pensamento. Os seres desse mundo não têm desejos, nem forma física, tampouco restrições materiais. 7. Por exemplo, quando Nitiren Daishonin partiu de Kamakura (em maio de 1274) e se dirigiu a Minobu, deliberadamente se absteve de visitar o sacerdote leigo Takahashi Rokuro Hyoe, figura central entre os seguidores do distrito de Fuji, província de Suruga. Ele relata que agiu dessa forma porque a província era território do regente Hojo Tokimune (também conhecido como o senhor feudal de Sagami) e porque na região de Fuji, em particular, viviam muitos parentes maternos do regente (cuja mãe era filha de Hojo Shiguetoki — cossignatário do regente e, posteriormente, sacerdote leigo do templo Gokuraku —, e viúva do regente Hojo Tokiyori). Como esses parentes consideravam Daishonin inimigo do falecido Shiguetoki e de Tokiyori, e tinham por ele profundo rancor, não queria que a presença dele na casa de Takahashi causasse problemas ou perseguições da parte dos governantes (cf. WND, pp. 634-641). 8. Perseguição de Atsuhara: Uma série de ameaças e atos violentos perpetrados contra os seguidores de Daishonin na vila de Atsuhara, distrito de Fuji, província de Suruga, que começou em 1275 e persistiu até 1283. Em 1279, vinte camponeses foram presos injustamente e enviados a Kamakura. Ali, foram submetidos ao interrogatório de Hei no Saemon, subdelegado do Departamento de Assuntos Militares, que lhes exigiu a renúncia à fé. No entanto, nenhum deles cedeu. Em decorrência disso, três camponeses foram executados — os irmãos Jinshiro, Yagoro e Yarokuro. Estes ficaram conhecidos como os “três mártires de Atsuhara”. 9. Ensinos pré-Sutra de Lótus e Sutra de Lótus: Os ensinos pré-Sutra de Lótus referem-se às doutrinas expostas pelo Buda Sakyamuni durante os primeiros quarenta e dois anos de sua vida de pregação, desde que se iluminou até quando começou a expor o Sutra de Lótus. Segundo a classificação do Grande Mestre Tient’ai das doutrinas em cinco períodos, os ensinos pré-Sutra de Lótus são os que correspondem aos primeiros quatro períodos: Guirlanda de Flores, Agama, Correto e Igual e Sabedoria. Todas essas doutrinas são de natureza provisória ou preparatória (meios hábeis), destinadas a guiar as pessoas ao Sutra de Lótus, o ensino essencial em que Sakyamuni revela diretamente a verdade suprema para a qual havia se iluminado. 10. Ensinos anteriores e posteriores ao exílio na Ilha de Sado: Referência aos ensinos e escritos de Nitiren Daishonin expostos antes e depois da Perseguição de Tatsunokuti e subsequente exílio na Ilha de Sado, no Mar do Japão. A Perseguição de Tatsunokuti ocorreu em 12 de setembro de 1271, e o exílio durou dois anos e meio — de outubro de 1271 a março de 1274. Antes de Tatsunokuti, Nitiren Daishonin havia exposto a recitação do Nam-myoho-rengue-kyo, sem fazer menção ao objeto de devoção conhecido como Gohonzon e sem fazer alusão aos Três Grandes Ensinos Fundamentais. Porém, depois de Tatsunokuti, revelou o objeto de devoção tanto em termos de Pessoa como em termos de Lei. Ele revelou, implicitamente, o primeiro, ou seja, a identidade como Buda dos Últimos Dias da Lei, no escrito intitulado “Abertura dos olhos” (END-4, pp. 7-240), e o segundo, ou seja, o objeto de devoção em termos de Lei, no escrito “O objeto de devoção para a observação da mente” (END-5, pp. 161-234), duas obras que escreveu durante o exílio. Referiu-se aos Três Grandes Ensinos Fundamentais como “três questões importantes contidas no capítulo ‘Revelação da Vida Eterna do Buda’ do ensino essencial”, num escrito de 1272, intitulado “Desejos mundanos são iluminação” (END-5, pp. 59-68). Essa é sua primeira referência aos Três Grandes Ensinos Fundamentais em seus escritos, conservados até os dias atuais. Inscreveu o Dai-Gohonzon, objeto de devoção que identificou como o propósito de sua vida, em Minobu, em 12 de outubro de 1279. 11. O conceito de Pessoa e Lei: Nitiren Daishonin revelou e propagou a Lei de Nam-myoho-rengue-kyo, e a inscreveu na forma de uma mandala — conhecida como Gohonzon — para que todas as pessoas dos Últimos Dias da Lei atinjam o estado de Buda. Por essa razão, é considerado o Buda dos Últimos Dias da Lei. O Gohonzon é o objeto de devoção em termos da vida da Lei, ou a corporificação física da Lei eterna e intrínseca de Nam-myoho-rengue-kyo, que Daishonin percebeu e manifestou na própria vida. Por isso, Nitiren Daishonin é o objeto de devoção em termos de Pessoa. Nitikan Shonin (1665-1726), 26º sumo prelado, estabeleceu o princípio da unicidade de Pessoa e Lei, esclarecendo que o objeto de devoção em termos de Pessoa e o objeto de devoção em termos de Lei eram, essencialmente, uma unidade indivisível. Em outras palavras, a Lei é inseparável da Pessoa e vice-versa. 12. Abandonar o transitório e revelar o verdadeiro: É o ato pelo qual um buda revela sua genuína condição ou identidade e abandona sua identidade transitória de buda provisório. Aqui, se aplica a Daishonin na Perseguição de Tatsunokuti, quando descarta sua “identidade transitória” de “pessoa no estágio de ouvinte do nome e das palavras da verdade” e revela sua “identidade verdadeira” de “Buda da alegria ilimitada, iluminado desde o tempo sem início”, sem deixar de viver como um ser humano comum. 13. WND-1, p. 896. 14. Ibidem. 15. Escola Verdadeira Palavra: Escola budista japonesa fundada por Kobo (774-835) — também conhecido como Kukai — que segue doutrinas e práticas esotéricas presentes nos sutras Mahavairochana e Coroa de Diamantes. 16. A chegada de uma carta oficial do Império mongol em 1268, na qual se exigia a subordinação do Japão, anunciou a calamidade iminente da invasão estrangeira predita por Daishonin na “Tese sobre o estabelecimento do ensino correto para a paz da nação”, escrita em 1260. Porém, os governantes ignoraram as advertências de Daishonin. Em vez de agirem de acordo com o ensino correto, basearam-se em doutrinas budistas distorcidas, como a da Verdadeira Palavra e outras, e ordenaram a essas escolas que orassem para a derrota dos mongóis. Quando a invasão finalmente ocorreu, em 1274, os governantes, temendo uma segunda invasão, voltaram a rogar à Verdadeira Palavra e demais seitas por mais orações. 17. Cf. WND-1, p. 897. 18. Refere-se à realização de um debate formal num local público, presidido por um oficial do governo ou da corte imperial, para determinar qual era o ensino correto e superior. 19. Daishonin diz: “Embora as pessoas estudem o budismo, é difícil para elas praticar corretamente por causa da ignorância da mente ou porque, apesar de sábias, falham em perceber que estão sendo desencaminhadas por seus mestres. Além disso, mesmo que alguém encontre um mestre sábio e o verdadeiro sutra e, desse modo, abrace o correto ensino, quando essa pessoa decidir libertar-se dos sofrimentos de nascimento e morte e tornar-se um buda, ela inevitavelmente enfrentará os sete graves impedimentos conhecidos como os três obstáculos e as quatro maldades, assim como é inevitável uma sombra seguir o corpo e as nuvens acompanharem a chuva” (WND-1, p. 894). 20. Ibidem. 21. Veja a explicação do termo na nota nº 1. 22. Toda, Jossei. Toda Josei Zenshu (Coletânea de Obras de Jossei Toda). Tóquio: Seikyo Shimbunsha, 1987, v. 7, p. 409. 23. Prolongar a vida por meio da fé: Ensino baseado numa passagem do 16º capítulo do Sutra de Lótus, que diz: “Suplicamos-lhe que nos cure e nos deixe continuar a viver” (LS-16, p. 228). Este é o trecho que explana a parábola de um excelente médico que dá um “bom remédio” às crianças que haviam “bebido veneno” (ou seja, sucumbido à ilusão), e que imploram a ele que as cure. Quando tomam o bom remédio (abraçam a fé na Lei do Sutra de Lótus), elas são curadas, podendo desfrutar muitos anos de vida. 24. Escuridão fundamental: Também conhecida como ignorância primordial. Ilusão mais profundamente arraigada e intrínseca à vida que origina todas as demais ilusões. A escuridão fundamental é a incapacidade de ver ou de reconhecer a verdade, em especial, a verdadeira natureza de nossa vida. Nitiren Daishonin interpreta a escuridão fundamental como ignorância da Lei suprema, ou ignorância de que nossa vida é uma manifestação da Lei, ou seja, Nam-myoho-rengue-kyo. 25. WND-1, p. 1.113. 26. Três Grandes Ensinos Fundamentai: Princípios centrais do Budismo de Nitiren Daishonin. Eles são: (1) o objeto de devoção; (2) a recitação ou Daimoku de Nam-myoho-rengue-kyo; e (3) o santuário ou o local onde se recita o Daimoku diante do objeto de devoção. Veja explicação detalhada na nota nº 10. 27. Substituição da sabedoria pela fé: Princípio que esclarece que a fé é a verdadeira causa para obter sabedoria suprema, e que somente a fé conduz à iluminação. Em geral, o budismo afirma que a causa para obter a iluminação é a sabedoria suprema. Porém, de acordo com o Sutra de Lótus, até Shariputra, o mais sábio dos dez principais discípulos do Buda Sakyamuni, conseguiu atingir a iluminação somente com a fé e não por meio da sabedoria. 28. Veja a explicação sobre os três mundos do desejo, da forma e da não-forma na nota nº 6. 29. Os dez tipos de exércitos ou tropas do Rei Demônio são descritos no Tratado sobre a Grande Perfeição da Sabedoria, de Nagarjuna. 30. Devadatta: Primo de Sakyamuni que, inicialmente, foi seguidor do Buda. Porém, logo se deixou levar pela arrogância e, declarando-se inimigo de Sakyamuni, cometeu vários atos de extrema maldade, como tentar assassiná-lo. Contam os sutras que, devido a essas ofensas, ele tenha caído vivo no inferno. 31. Sunakshatra: Um dos filhos que Sakyamuni teve antes de renunciar à vida secular. Apesar de Sunakshatra também ter se dedicado à vida religiosa como discípulo do Buda, deixou-se influenciar por maus mestres e nutriu ideias distorcidas. Conforme os sutras, por essa razão, ele caiu vivo no inferno. 32. Rei Ajatashatru: Monarca de Magadha, na Índia, contemporâneo de Sakyamuni. Incitado por Devadatta, matou o pai, rei Bimbisara — que era seguidor de Sakyamuni — para usurpar-lhe o trono. Persuadido uma vez mais por Devadatta, atentou contra a vida do Buda e dos discípulos, soltando na direção deles um elefante embriagado. 33. Sammibo: Um dos primeiros discípulos de Nitiren Daishonin. Apesar do vasto conhecimento e capacidade para debates, e de ter ajudado Nikko Shonin nas atividades de propagação na área de Fuji, por vaidade e ambição de obter reconhecimento e prestígio social, acabou se desencaminhando. Em várias oportunidades, Daishonin chamou-lhe a atenção sobre essa fraqueza. Durante a Perseguição de Atsuhara, Sammi-bo renunciou à fé nos ensinos de Daishonin e voltou-se contra este e seus seguidores. Várias são as cartas em que Daishonin se refere à morte trágica e prematura de Sammi-bo, embora se desconheça os detalhes. 34. Monja leiga de Nagoe: Seguidora de Nitiren Daishonin oriunda de Nagoe, em Kamakura. Dizem que ela abraçou a fé nos ensinos de Daishonin no início da propagação. Embora se desconheça os detalhes, sabe-se que logo abandonou a fé junto com Sho-bo e Noto-bo, dois discípulos que, mais tarde, se voltaram contra Daishonin. 35. Daishonin diz: “[...] Com pessoas como a monja leiga de Nagoe, Sho-bo, Noto-bo, Sammi-bo e outros de mesma natureza — covardes, irracionais, ambiciosos e incrédulos — minhas palavras têm sido tão improdutivas quanto derramar água sobre um recipiente recém-laqueado ou cortar o ar”. (WND-1, p. 998.) 36. Uma passagem do 13º capítulo do Sutra de Lótus, “Devoção Encorajadora”, que diz: “Demônios malignos se apossarão dos outros”. (cf. LS-13, p. 194.) Isso significa que as funções maléficas dominam a vida das pessoas e as levam a falar mal e a insultar os que praticam o ensino correto, assim como a impedir a prática budista delas. 37. Numa passagem do sutra Reis Benevolentes consta: “[Quando uma nação fica em desordem], são os espíritos quem primeiro mostram sinais de violência” (cf. END-1, p. 15). Significa que num país onde as pessoas agem contra a Lei, as funções maléficas tornam-se violentas e provocam várias calamidades. 38. WND-1, p. 895. 39. Grande cidade do inferno de incessante sofrimento: Também chamada de “inferno de incessante sofrimento”. O mais baixo dos reinos do inferno, no qual vivem as pessoas de descrença incorrigível ou que cometem os piores atos contra a Lei. (Cf. WND-1, p. 895.) 40. WND-1, p. 895. 41. WND-2, p. 465. 42. Oko Kikigaki (Dissertações Registradas), disponível somente em japonês (GZ, p. 843). 43. GZ, p. 843. 44. Daishonin diz: “[Apesar da intervenção pessoal do Rei Demônio do Sexto Céu], pelo fato de as divindades celestiais terem vindo em meu auxílio, consegui sobreviver até à Perseguição de Tatsunokuti e sair ileso de outras grandes perseguições. A essa altura, o Rei Demônio deve estar completamente desencorajado. Mesmo que depois de minha morte os serviçais sobreviventes formem novos exércitos, não poderão derrotar meus seguidores. Isso se deve às forças subordinadas ao Rei Demônio do Sexto Céu serem os 4.994.828 habitantes do Japão que, em sua maioria, se renderam a Nitiren”. (GZ, p. 843.) 45. Apesar de ter revelado a Lei de Nam-myoho-rengue-kyo, Nitiren Daishonin não a havia incorporado na forma de mandala, o Gohonzon. Veja explicação detalhada na nota nº 10. 46. Refere-se a dois importantes escritos: “Abertura dos olhos”, concluído em fevereiro de 1272, e “O objeto de devoção para a observação da mente estabelecido no quinto período de quinhentos anos pós o falecimento d’Aquele que Traz a Verdade”, escrito em abril de 1273. Veja também a nota nº 10. 47. Esta não se trata de uma citação real, mas da interpretação de Daishonin sobre o significado de diversas passagens do Sutra de Lótus. 48. Um “sábio”, nessa passagem, indica o Bodhisattva Práticas Superiores, a quem o Buda Sakyamuni confiou a missão de propagar a Lei Mística durante os Últimos Dias da Lei, conforme declara o 21º capítulo do Sutra de Lótus, “Os Poderes Míticos do Buda”. Em vários de seus escritos, com profunda humildade, Daishonin refere-se à sua própria pessoa dizendo ser o precursor do Bodhisattva Práticas Superiores. 49. Jambudvipa: De acordo com a visão de mundo da Índia antiga, Jambudvipa é o domínio onde os seres humanos habitam e onde o budismo é propagado. 50. Objeto de devoção em termos de Pessoa é revelado em “Abertura dos olhos”, escrito por Nitiren Daishonin na Ilha de Sado, em fevereiro de 1272. Daishonin esclarece que ele é o Buda dos Últimos Dias da Lei, possuidor das três virtudes de soberano, mestre e pais, e que conduzirá todas as pessoas dessa era à iluminação. O objeto de devoção em termos de Lei, por sua vez, é revelado no escrito “O objeto de devoção para a observação da mente”, redigido em Sado, em abril de 1273. Daishonin esclarece que o Nam-myoho-rengue-kyo é a Lei fundamental para se atingir o estado de Buda que todas as pessoas devem reverenciar nos Últimos Dias. 51. Lorde do ensino dos Últimos Dias da Lei: Também “mestre dos Últimos Dias da Lei”. Referência à pessoa que, na era repleta de maldade e corrupção, conhecida como Últimos Dias da Lei — iniciada dois mil anos após a morte de Sakyamuni (quando os ensinos do Buda perdem o poder de beneficiar as pessoas)—, instrui e conduz os seres humanos, propagando o Nam-myoho-rengue-kyo, a essência do Sutra de Lótus, de acordo com as predições do Sutra. 52. WND-1, p. 896. 53. Ibidem.
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