terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

O pensamento é uma força viva. Ele é capaz de criar e destruir.


“Cuidado com os seus desejos, eles podem se tornar realidade.” A frase esconde uma verdade que nem todos conhecem: o fato de que, mais cedo ou mais tarde, nós nos transformamos naquilo que pensamos. Descobertas da ciência e da psicologia modernas, em coro com as mais antigas doutrinas das grandes religiões e do ocultismo, ensinam que o pensamento humano é uma força viva dotada de poder criativo – e destrutivo – cujo alcance apenas começa a ser desvendado.

Por Luis Pellegrini

Nas décadas de 60 e 70, a parapsicologia irrompeu nos meios acadêmicos dos Estados Unidos, da Europa e da ex-União Soviética. Chegou como um tsunami de renovação. Muitos cientistas foram seduzidos por essa nova disciplina e passaram a investigar, cada um dentro da sua especialidade, a realidade dos assim chamados fenômenos paranormais. Experiências feitas em laboratório com pessoas dotadas de capacidades extra-sensoriais levaram à confirmação de uma hipótese fascinante: a de que o pensamento humano é uma força capaz de influenciar e transformar a própria matéria. Centenas de casos extraordinários foram verificadas.

Nas décadas de 70 e 80, a paranormal russa Nina Kulagina fez sensação ao mostrar ser capaz de mover pequenos objetos com a força do seu pensamento.
Em Moscou, a russa Nina Kulagina causou estupor ao demonstrar, diante de câmeras de cinema e de televisão, ser capaz de mover para lá e para cá bolas de pingue-pongue, caixas de fósforos e outros pequenos objetos colocados dentro de redomas de vidro, usando exclusivamente a força do seu pensamento. Ela simplesmente se concentrava, olhava fixo para os objetos e com um comando mental fazia com que eles se movessem.
Nos Estados Unidos, as proezas do norte-americano Ted Serios deixaram atônitos os investigadores: ele conseguia gravar em películas fotográficas Polaroid imagens produzidas na sua mente. Cúpulas de igrejas, a Torre Eiffel, ônibus em movimento, a rainha Elizabeth, o Taj Mahal, o Vaticano, o Pentágono, paisagens e pessoas desconhecidas, e centenas de outras imagens pensadas por Serios foram parar na superfície dos filmes.


A figura da Rainha Elizabeth II foi uma das imagens que Ted Serios conseguiu gravar na película Polaroid.


Outras duas imagens produzidas mentalmente por Ted Serios e gravadas em películas Polaroid.
Eles lá estão, até hoje, guardados nos arquivos da Universidade da Califórnia e de alguns institutos especializados, sem que nenhuma explicação convencional de como o fenômeno acontece ainda tenha sido formulada.
Entidades importantes da pesquisa científica norte-americana e a própria empresa Polaroid financiaram programas para investigar as capacidades de Serios sob condições de laboratório. Tudo o que se conseguiu foi provar que o fenômeno não constituía um truque. Era bem real. Serios segurava diante dos olhos uma câmera Polaroid; concentrava-se durante alguns segundos para formar com clareza na mente a imagem solicitada; ao sentir que ela estava bem nítida, procurava “projetá-la” para dentro da câmera, ao mesmo tempo em que apertava o disparador. Revelada a chapa, lá estava a figura que Serios criara. Detalhe curioso e talvez significativo: Serios tomava umas boas doses de uísque puro antes de trabalhar. Sem a bebida, as imagens eram menos nítidas.


Tambem nas décadas de 1970 e 1980 o paranormal americano Ted Serios submeteu-se a experiências de laboratório, sobretudo na Universidade da Califórnia. Ele era capaz de imprimir imagens mentais numa película Polaroid.
Ao final de anos de trabalho, a equipe de cientistas que investigou o paranormal fez uma declaração importante: “O fenômeno das psicopictografias de Serios e as pesquisas mais modernas da física sugerem a existência de uma interferência entre o campo das partículas materiais e o campo psiplasma, ou seja, o psiquismo humano.” Traduzindo para uma linguagem mais simples, significava que a energia do pensamento e da psique parece ter a capacidade de agir sobre a matéria, alterando as suas propriedades.
Ao mesmo tempo, pesquisadores da física atômica faziam uma descoberta fundamental: alguns fenômenos no âmbito das partículas subatômicas aconteciam de um certo modo como se alguém estivesse a observá-los, e de um outro modo quando não havia ninguém olhando. Concluiu-se, portanto, que o simples olhar humano, lançado com atenção sobre alguma coisa, parece ser capaz de alterar a estrutura subatômica da matéria.
Todas essas descobertas e experiências revolucionaram tudo o que se sabia sobre as interações entre mente humana, energia e matéria, e isso foi apresentado nos meios da ciência como grande novidade. Mas se aqueles cientistas tivessem folheado qualquer tratado básico sério de ciências ocultas, ou de magia, saberiam que, desde sempre, a força do pensamento, bem como a força da vontade, da atenção e do olhar humanos não são entendidas como coisas abstratas e subjetivas. Bem ao contrário, são consideradas forças materiais objetivas, vivas e atuantes, capazes de influenciar a nós mesmos e as coisas da natureza e do mundo. A física moderna parece prestes a confirmar isso. Como verdadeiros magos contemporâneos que usam fórmulas matemáticas em lugar de diagramas cabalísticos, há inclusive cientistas que chegam a afirmar que, no futuro, serão inventados aparelhos capazes de detectar, pesar e medir o fluxo energético dos pensamentos humanos.
A ideia do pensamento como energia objetiva já existia no cerne de sistemas religiosos antigos, como os do Antigo Egito, da Grécia, China e Índia. Mais recentemente, na segunda metade do século 19, época de uma grande Renascença ocultista, foi o movimento teosófico, desencadeado pela russa Helena Petrovna Blavatsky, que passou a defender essa ideia.


Na segunda metade do século 19, a russa Helena Blavatsky, fundadora da Sociedade Teosófica, desenvolveu a teoria das "formas-pensamento".
A teosofia, que tem como principais fontes de inspiração as filosofias esotéricas do budismo e do hinduísmo, desenvolveu a teoria das “formas-pensamento”, geradas e alimentadas pela energia dos pensamentos, emoções e sentimentos das pessoas. Essas formas, uma vez criadas, passam a existir como verdadeiras entidades energéticas “inteligentes”. Elas se fixam na estrutura da aura – o corpo de energia sutil da pessoa – e, como a imagem fotográfica firmemente impressa na superfície do filme, passam a fazer parte daquela estrutura. Mesmo depois de cessado o pensamento que lhe deu origem, a forma-pensamento permanece como uma entidade viva. E, como toda entidade viva, ela exige alimento para não morrer. Para tanto, tende a fazer com que a pessoa que a criou repita mais e mais os mesmos pensamentos que lhe servem de nutrição.
As formas-pensamento atuam e interagem no campo de energia sutil das pessoas, podendo provocar nele grandes alterações. Charles Leadbeater, escritor teosofista, escreveu que “quando eles (os pensamentos) são dirigidos para outras pessoas, as formas em verdade se movem pelo espaço em direção a essa pessoa, introduzem-se na sua aura e com ela se fundem em muitos casos. Quando, porém, os pensamentos e os sentimentos se concentram na própria pessoa que os emite – o que, receio, deve acontecer com a maioria das pessoas –, as formas ficam agrupadas em torno de quem lhes deu origem.”


No final do século 19, o escritor teosofista inglês Charles Leadbeater desenvolveu ainda mais a teoria das formas-pensamento lançada por Helena Blavatsky.
A teoria considera que todo ser pensante constroi para si mesmo uma espécie de concha de formas-pensamento: uma verdadeira vestimenta feita de energia mental; assim, todos os pensamentos e sentimentos que emitimos reagem constantemente sobre nós mesmos. Nós os geramos, nós os tiramos de dentro de nós e, eles situam-se agora exteriormente e são capazes de reagir sobre nós e de nos influenciar, sem que tenhamos consciência de sua proximidade e de seu poder. Pairando à nossa volta, as forças que nós mesmos irradiamos nos parecem vir todas de fora. Mas o pensamento de hoje pode ser, e em geral é, apenas um reflexo do nosso próprio pensamento da véspera ou da semana anterior. Os pensamentos, portanto, são coisas, capazes de influir sobre outras coisas. Capazes, principalmente, de influir sobre quem os emite. E, por isso, como dizem os ocultistas, como pensa o homem, assim ele é.
Como sempre acontecem grandes descobertas da ciência rapidamente caem no domínio do grande público e passam a fazer parte do nosso dia a dia. O uso da força da mente, o controle do poder do pensamento é tema central de milhares de livros publicados nas últimas décadas. Toda livraria dispõe hoje de uma seção de “mentalismo”, nome genérico que designa esse gênero de literatura. Trata-se, em sua maioria, de livros cujo conteúdo mistura teorias e técnicas originárias de muitas áreas, como a medicina psicossomática, as psicologias práticas, a parapsicologia, as reli-giões ocidentais e orientais e uma boa dose do chamado conhecimento oculto ou esotérico.
Embora a qualidade da maioria dessas obras possa ser discutida, o fato inegável é que todas elas se assentam numa mesma crença. A ideia de que o pensamento é uma força poderosa capaz de influir sobre nossas vidas, alterando radicalmente os seus rumos. Ele é, depois do amor, a maior de todas as forças mágicas.
“Pensamento e ação são os carcereiros do destino”, diz o escritor norte-americano James Allen, “se forem vis, aprisionam; são também os anjos da liberdade – se forem nobres, libertam”.
Bons pensamentos e atos jamais produzirão maus resultados. É fácil entender essa lei no mundo natural, mas poucos são os que a entendem no plano mental e moral e, portanto, não cooperam com ela. Nas ciências ocultas e nas grandes religiões, bem como na moderna psicologia, o sofrimento é quase sempre o efeito do pensamento errado em algum sentido.


Para o escritor norte-americano James Allen, "os pensamentos são os carcereiros do destino. Se forem vis, aprisionam; se forem nobres, libertam".
Por outro lado, imaginamos que o pensamento pode ser mantido em segredo, mas não pode. Para Allen, bem como para os demais especialistas no assunto, ele se cristaliza rapidamente em hábitos, e os hábitos se concretizam em circunstâncias. Pensamentos de medo, dúvida e indecisão, por exemplo, cristalizam-se em hábitos fracos e irresolutos, os quais se concretizam em circunstâncias de fracassos, indigência e servil dependência. Pensamentos de ódio, crítica negativa e condenação cristalizam-se em hábitos de acusação e violência, os quais se concretizam em circunstâncias de injúria e perseguição. Mas pensamentos de coragem, autoconfiança e decisão firme cristalizam-se em hábitos enérgicos, os quais se concretizam em circunstâncias de êxito, abundância e liberdade. Pensamentos de amor e de altruísmo cristalizam-se em hábitos de disposição espontânea para perdoar, os quais se concretizam em circunstâncias de segura e duradoura prosperidade e contentamento – a verdadeira riqueza.
O corpo é escravo da mente, diz, por seu lado, a medicina psicossomática em coro com a sabedoria esotérica. Doença e saúde têm suas raízes no pensamento. Pensamentos doentios se expressarão através de um corpo doentio. Pensamentos de medo fazem adoecer e podem até matar. As pessoas que vivem sob o medo da doença, como os hipocondríacos, são as que mais adoecem. A angústia e a tensão levam todo o corpo a entrar num rápido processo de abatimento e o deixa aberto às enfermidades. Pensamentos impuros e negativos – de ódio, ressentimento, inveja, desconfiança, cinismo, revolta e não aceitação da realidade – não tardará a destruir o sistema nervoso. O corpo é um instrumento plástico, delicado e sensível, que responde prontamente aos pensamentos que o impressionam.
Baseados em todas essas descobertas, toda uma nova geração de pensadores dedica-se agora ao desenvolvimento de uma nova ciência, batizada de “ecologia mental”. De modo análogo à ecologia terrestre – parte da biologia que estuda as relações entre os seres vivos e o meio ambiente onde vivem, bem como as suas recíprocas influências –, a ecologia mental estuda as relações entre os pensamentos e os seres humanos e o modo como os primeiros influenciam os segundos.
Uma das primeiras constatações importantes da ecologia mental fala da necessidade urgente de se proporcionar às crianças, a partir dos primeiros anos escolares, uma educação da mente. Ensiná-las a pensar corretamente e a discernir entre pensamentos negativos, escuros e destrutivos, que devem ser evitados, e pensamentos positivos, luminosos e criativos, que devem ser estimulados.


Em Berlim, Alemanha, um estudante-cobaia usa o poder da mente para mover o cursor de um PC. Pesquisadores do Fraunhofer Institute trabalham agora na manipulação de computadores, próteses e outros instrumentos através da força do pensamento. A técnica cérebro-computador-interface (sigla BCI, em inglês) em breve pode se tornar uma ponte para a religação de conexões interrompidas entre o cérebro e os músculos em pessoas paraplégicas.
Mas, desde já, todos nós podemos, se quisermos ser mais saudáveis e felizes, colocar isso em prática usando simplesmente o bom-senso. Maus pensamentos nos levarão fatalmente à ruína. Bons pensamentos nos levarão a um permanente desabrochar de nossas melhores possibilidades. A escolha é de cada um.
Para concluir, um outro aspecto fundamental da ciência do poder da mente diz respeito à necessidade de que o pensamento seja não apenas positivo, mas também claro e objetivo. Carlos Castañeda, em seus livros, refere-se frequentemente à conveniência do controle da “tagarelice mental”, o fluxo desenfreado e descontrolado de pensamentos destituídos de objetivo preciso. O pensamento é energia que não se deve jogar fora em atividades vazias, destituídas de sentido. Desenvolver esse tipo de autocontrole constitui uma base fundamental preconizada por qualquer escola séria de conhecimento, tanto psicológico quanto espiritual. Os métodos de meditação e de concentração, por exemplo, são, todos eles, técnicas criadas para ajudar o buscador de si mesmo na difícil tarefa que é o controle do próprio fluxo mental. Pois, como dizem os iniciados, sem que o pensamento esteja ligado a um objetivo, não haverá realização inteligente. A falta de objetividade nos pensamentos é, portanto, um vício que deve ser corrigido. Sem essa objetividade, a função mental torna-se um inútil desperdício de energia e de tempo. Mas, quando o indivíduo consegue ser senhor dos seus próprios pensamentos, já terá dado passos importantes para a criação de si mesmo como ser plenamente consciente e realizado.


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