segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Budismo e ciência - Brasil Seikyo - Caderno Soka

Seikyo Brasil Seikyo - Edição 1702 - 07/06/2003 - Pág.C2 - Caderno Soka
Impresso por Gracilene Maria Daniel de Souza (67114-2) página 1

Recentemente, a imprensa divulgou as pesquisas de duas instituições norte-americanas que constataram que praticantes budistas são pessoas mais felizes e sabem lidar melhor com os revezes da vida. Não somente com relação a esse aspecto, mas cada vez mais os vários ramos da ciência vem desenvolvendo teorias e conclusões que se aproximam muito dos conceitos budistas. Esta edição do Cultura Soka se propõe a apresentar alguns exemplos dessas similaridades, as quais demonstram que budismo e ciência, na verdade, tratam de assuntos cada vez mais comuns.

Sanzen daisen sekai e a extensão do Universo

No capítulo Juryo do Sutra de Lótus consta a frase sanzen daisen sekai... go hyaju sen mannoku nayuta asogui, que significa aproximadamente “quinhentos quatrilhões de nayuta asamkhya de grandes mundos”.
Esse termo refere-se a uma antiga concepção indiana sobre o tamanho do Universo, o qual teria a escala de sanzen daisen sekai (ou seja, 5 X 100 X 1.000 X 10.000 X oku X nayuta X asogui). O termo oku pode ser traduzido por diferentes unidades, como 100.000, 1.000.000 ou 10.000.000. Nayuta pode ser considerado como uma unidade representando cem bilhões e asogui é um número seguido de 51 zeros.
Na realidade, essa expressão não significa uma quantidade exata, mas expressa a idéia de uma grande extensão, algo similiar à moderna concepção sobre a extensão do Universo. Atualmente, os cientistas acreditam que o Universo é incomensuravelmente grande e sabe-se que é plano, mas estende-se para o infinito pelas três dimensões.

Joju ekuu e a eterna mutação de todas as coisas

Tudo no Universo, do mais simples micróbio até as maiores estrelas, está em constante transformação e repete um eterno ciclo de nascimento, continuação, destruição e desaparecimento. O budismo também considera esse fato e denomina-o princípio de Joju ekuu, ou princípio da mutação, e esclarece que tudo passa por um ciclo de nascimento, maturação, destruição e extinção. Jo indica nascimento e crescimento. Ju indica maturidade. E, decadência ou declínio, e kuu indica o estado quando algo ou alguém desaparece e funde-se ao Universo.

Shiki shin funi e o relacionamento entre corpo e mente

Há muito tempo a medicina estuda o relacionamento entre o estado físico de uma pessoa e sua condição mental, estabelecendo inclusive um ramo específico para isso, a medicina psicossomática. O termo “psicossomático” foi criado em 1818 e designava as doenças que surgiam em decorrência de fatores mentais.
O budismo adota o conceito de shiki shin funi para explicar a interação entre o corpo e o espírito, incluindo-se aí também as atividades mentais. Shiki é uma abreviação de shiki-ho e representa a matéria e os aspectos físicos. Shin é uma abreviação de shin-po e representa os fenômenos espirituais e as atividades mentais, como o raciocínio, as emoções e a volição. Funi é uma abreviação de nini funi e significa literalmente “dois mas não dois”. O termo shiki shin funi pode ser então traduzido como sendo “dois fenômenos, mas não dois em número”.

Esho funi, a Hipótese de Gaia e a origem dependente

O conceito de esho funi explica a íntima relação entre o homem e seu meio ambiente, fato este que vem sendo já destacado há décadas pela ecologia. Esho é a abreviação de eho e shoho e funi significa “dois fenômenos, mas não dois”. Em termos simples, qualquer vida e seu ambiente estão intimamente relacionados, influenciando-se mutuamente. Por exemplo, o ambiente pode determinar o tipo de alimentação que cada sociedade possui. Essa mesma sociedade pode influenciar o ambiente, desenvolvendo-o ou degradando-o.
Já o termo “ecologia” foi criado por Hernst Haedel em 1869 e designa o estudo das relações de um organismo com seu ambiente orgânico ou inorgânico, a dinâmica dos ecossistemas e os relacionamentos entre todos os seres vivos uns com os outros. O estudo da ecologia ampliou-se e hoje ela já possui algumas ramificações, como a ecologia humana, que estuda a relação dos homens com seu ambiente em vários aspectos, e a ecologia urbana, que estuda as relações biológicas, culturais e econômicas entre os homens e o meio ambiente urbano.
James Lovelock, médico e biólogo britânico, foi um dos principais proponentes da Hipótese de Gaia, que afirma que os seres vivos e o material inorgânico são parte de um sistema único e dinâmico que forma a biosfera terrestre. Por sua vez, o budismo ensina que a própria Terra, incluindo não apenas os seres animados, mas também montanhas, rios e tudo mais, são um único organismo que interagem entre si, o que é explicado pelo conceito de origem dependente.

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