segunda-feira, 7 de novembro de 2011

[30] A máquina do tempo - Aprendendo sobre a vida a partir das ciências

Jornal Brasil Seikyo

07 DE JUNHO DE 2003 — EDIÇÃO Nº 1702

Esta série de artigos intitulada “Aprendendo sobre a Vida a Partir das Ciências” destina-se ao público em geral e apresenta breves explicações sobre temas do mundo científico. Os artigos foram escritos
por Akihisa Motoki, vice-coordenador do Departamento de Cientistas.



O desejo de viajar para o passado e de conhecer o futuro é comum a muitas pessoas. Desde o século XIX são produzidas numerosas obras e filmes com grande sucesso. Muitas pessoas acreditam que um dia uma viagem pelo tempo poderá ser realizada. Entretanto, viajar para o passado é inconsistente com a lei de causa e efeito.
Obviamente, o presente é o resultado de acúmulo das causas feitas no passado. Quando uma pessoa viaja para o passado e mata a si próprio, não poderia mais existir. Portanto, ela não poderia matar seu eu do passado. Mesmo não chegando a exemplo tão extremado, uma interferência no passado transforma o presente. Esta é uma contradição lógica. Portanto, uma viagem para o passado é logicamente impossível, independentemente da ciência e tecnologia.
Sendo assim, será que é possível a comunicação com pessoas do passado? Houve até um filme que chegou a abordar este assunto. Um filho que vive no presente conversa por meio de um comunicador de rádio com o pai que morreu há vinte anos de câncer no pulmão, superando a barreira do tempo. O pai fica emocionado com as palavras do filho e pára de fumar. No presente, o pai vivo aparece para salvar a vida do filho.
Este é um interessante tema de ficção, mas impossível de se tornar realidade. O filho transforma o presente alterando o passado. Essa história possui a mesma contradição lógica de uma viagem ao passado. O presente é inalterável, portanto, é impossível enviar uma pessoa, material ou informação ao passado.
Não se pode viajar ao passado e não se pode conversar com as pessoas do passado. Sendo assim, a única alternativa é observar o passado sem interferência. Ou seja, não se pode enviar nada para o passado, apenas receber informações dele. Isso não possui nenhuma contradição lógica e, assim, as dúvidas na história seriam esclarecidas, os crimes perfeitos seriam impossíveis e as mentiras de nada adiantariam.
As informações óticas do passado da Terra estão se espalhando no espaço na forma de luz. Por exemplo, a imagem do planeta Terra há cem anos pode ser vista a cem anos-luz de distância. Se houvesse uma civilização extraterrestre nessa distância, a imagem da Terra que eles observariam ao telescópio não seria a da Terra atual, mas a de cem anos. Se eles enviassem essa imagem a nós, poderíamos observar a imagem da Terra há cem anos.
Teoricamente, isso é possível de ser realizado, entretanto, na prática não. Se nós quisermos ver a imagem da Terra de cem anos, teríamos de solicitar para eles que enviassem a imagem que estivessem observando neste exato instante. Mesmo utilizando o meio mais rápido de comunicação, a onda de rádio, que se transmite à velocidade da luz, esse pedido levaria cem anos para chegar à civilização extraterrestre. Portanto, se pedíssemos agora, eles enviariam uma imagem da Terra de cem anos à frente. Se quisermos uma imagem do passado, o pedido deveria ser feito no passado. Portanto, não há como observar o passado a partir do presente.
Entretanto, podemos observar o passado de outras formas. A imagem e o som gravados em fita ou em DVD são reproduzidos no presente. O som pode ser reproduzido a partir de discos, fitas e CDs. A imagem fixa do passado é observada em fotografias. As imagens de eras antes dessas invenções modernas são vistas em desenhos e quadros. Na caverna de Altamira, na Espanha, existem figuras de caça que desenhadas há vinte mil anos. Os eventos históricos são registrados por escrito em livros. No Egito e na Mesopotâmia existem escrituras com cinco mil anos de idade.
No início da década de 1990 no Japão, foi inventada uma filmadora de vídeo que grava o passado. O preço era muito alto, mas a venda foi um sucesso por causa do grande interesse dos jornalistas. Mesmo em se tratando de uma imagem passada de apenas cinco segundos. A filmagem de um evento é feita após ele ter ocorrido, entretanto, utilizando-se essa filmadora, pode-se obter a imagem durante o acontecimento. Sendo assim, é possível filmar o momento do crime, obtendo as imagens dos criminosos.
Essa filmadora extraordinária não é magia ou feitiçaria, mas fruto de uma tecnologia baseada na lógica. A filmadora sempre está em ação, armazenando a imagem gravada na memória de semicondutores até a quantidade correspondente a cinco segundos. As imagens presentes na memória são sempre renovadas, portanto as mais velhas do que de cinco segundos são automaticamente apagadas. Quando a filmadora está na posição, o cinegrafista pode filmar o momento exato do início de um terremoto, basta que ele ligue a filmadora dentro de cinco segundos após o início do abalo sísmico. Hoje em dia, no início do século XXI, o preço da memória de um semicondutor baixou e um minuto de imagem é facilmente gravado. Essas tecnologias baseiam-se na lei de causa e efeito, sem nenhuma contradição lógica. Isto é, para registrar o passado, a filmadora deve estar em ação no momento do acontecimento.
Por outro lado, será possível viajar para o futuro? Parece uma viagem impossível e de fato é inviável com base na tecnologia atual. Entretanto, teoricamente é possível. Dentro de uma nave espacial cuja velocidade está próxima à da luz, a velocidade do tempo dentro da nave é mais lenta do que a da Terra. Vamos imaginar uma viagem de ida e volta em velocidade próxima à da luz para Alfa Centauri, a estrela mais próxima do Sol. O tempo necessário para esta viagem é de aproximadamente dez anos e, portanto, um astronauta retornaria à Terra dez anos após o lançamento. Entretanto, para o astronauta no interior da nave, a viagem para Alfa Centauri duraria apenas um momento e o retorno também. Quando ele retornasse à Terra depois da curta viagem, encontraria familiares e amigos dez anos mais velhos.
Um astronauta que viajasse à estrela Polar, que está muito mais longe, ao retornar encontraria tudo dois mil anos mais velho. Ninguém que ele conhecia estaria vivo e a sociedade deveria estar totalmente transformada. Em uma viagem ao centro da galáxia, haveria uma defasagem de cinqüenta mil anos para o astronauta e, dessa forma, ao retornar talvez a civilização humana não existisse mais.
Assim, um astronauta pode viajar para o futuro, porém não pode retornar para o presente. A viagem do futuro para o presente vai contra a direção do tempo. A viagem pelo tempo é unidirecional, sem retorno. De fato, todos nós fazemos essa viagem conforme a velocidade do relógio. A única coisa possível é variar a velocidade da passagem do tempo, mas que atualmente é tecnologicamente impossível. O tempo passa sempre do passado para o futuro e nunca retrocede. Por que é assim? Nem a ciência atual tem resposta ainda.
Atualmente, os meios para gravação de imagem e som tornaram-se baratos e fáceis. Isto é, o presente é registrado com facilidade. Em comparação com o passado, ficou mais difícil mentir, graças à gravação de som e imagem. As mentiras são facilmente reveladas de forma incontestável. O presente está sendo gravado na forma de imagens de televisão e voz de rádio e é registrado por letras de jornais. Entretanto, esses registros geralmente não representam a vida real das pessoas, sendo apenas informações gerais. O presente é apenas um momento, mas é muito importante.
Existem muitas pessoas que gostariam de viajar para o passado. Talvez porque desejem alterar o passado para melhorar o presente. Analisando comportamentos do passado, cada um pode descobrir muitos erros. É natural que se queira corrigir o passado, mas isso é impossível.
Por outro lado, com base nos erros do passado, pode-se melhorar o comportamento do presente e aprimorar o futuro. O presente é a causa do futuro e, portanto, o futuro está em nossas mãos. Esta é, na verdade, a principal maneira de se viver sem arrependimentos.

Budismo e ciência - Brasil Seikyo - Caderno Soka

Seikyo Brasil Seikyo - Edição 1702 - 07/06/2003 - Pág.C2 - Caderno Soka
Impresso por Gracilene Maria Daniel de Souza (67114-2) página 1

Recentemente, a imprensa divulgou as pesquisas de duas instituições norte-americanas que constataram que praticantes budistas são pessoas mais felizes e sabem lidar melhor com os revezes da vida. Não somente com relação a esse aspecto, mas cada vez mais os vários ramos da ciência vem desenvolvendo teorias e conclusões que se aproximam muito dos conceitos budistas. Esta edição do Cultura Soka se propõe a apresentar alguns exemplos dessas similaridades, as quais demonstram que budismo e ciência, na verdade, tratam de assuntos cada vez mais comuns.

Sanzen daisen sekai e a extensão do Universo

No capítulo Juryo do Sutra de Lótus consta a frase sanzen daisen sekai... go hyaju sen mannoku nayuta asogui, que significa aproximadamente “quinhentos quatrilhões de nayuta asamkhya de grandes mundos”.
Esse termo refere-se a uma antiga concepção indiana sobre o tamanho do Universo, o qual teria a escala de sanzen daisen sekai (ou seja, 5 X 100 X 1.000 X 10.000 X oku X nayuta X asogui). O termo oku pode ser traduzido por diferentes unidades, como 100.000, 1.000.000 ou 10.000.000. Nayuta pode ser considerado como uma unidade representando cem bilhões e asogui é um número seguido de 51 zeros.
Na realidade, essa expressão não significa uma quantidade exata, mas expressa a idéia de uma grande extensão, algo similiar à moderna concepção sobre a extensão do Universo. Atualmente, os cientistas acreditam que o Universo é incomensuravelmente grande e sabe-se que é plano, mas estende-se para o infinito pelas três dimensões.

Joju ekuu e a eterna mutação de todas as coisas

Tudo no Universo, do mais simples micróbio até as maiores estrelas, está em constante transformação e repete um eterno ciclo de nascimento, continuação, destruição e desaparecimento. O budismo também considera esse fato e denomina-o princípio de Joju ekuu, ou princípio da mutação, e esclarece que tudo passa por um ciclo de nascimento, maturação, destruição e extinção. Jo indica nascimento e crescimento. Ju indica maturidade. E, decadência ou declínio, e kuu indica o estado quando algo ou alguém desaparece e funde-se ao Universo.

Shiki shin funi e o relacionamento entre corpo e mente

Há muito tempo a medicina estuda o relacionamento entre o estado físico de uma pessoa e sua condição mental, estabelecendo inclusive um ramo específico para isso, a medicina psicossomática. O termo “psicossomático” foi criado em 1818 e designava as doenças que surgiam em decorrência de fatores mentais.
O budismo adota o conceito de shiki shin funi para explicar a interação entre o corpo e o espírito, incluindo-se aí também as atividades mentais. Shiki é uma abreviação de shiki-ho e representa a matéria e os aspectos físicos. Shin é uma abreviação de shin-po e representa os fenômenos espirituais e as atividades mentais, como o raciocínio, as emoções e a volição. Funi é uma abreviação de nini funi e significa literalmente “dois mas não dois”. O termo shiki shin funi pode ser então traduzido como sendo “dois fenômenos, mas não dois em número”.

Esho funi, a Hipótese de Gaia e a origem dependente

O conceito de esho funi explica a íntima relação entre o homem e seu meio ambiente, fato este que vem sendo já destacado há décadas pela ecologia. Esho é a abreviação de eho e shoho e funi significa “dois fenômenos, mas não dois”. Em termos simples, qualquer vida e seu ambiente estão intimamente relacionados, influenciando-se mutuamente. Por exemplo, o ambiente pode determinar o tipo de alimentação que cada sociedade possui. Essa mesma sociedade pode influenciar o ambiente, desenvolvendo-o ou degradando-o.
Já o termo “ecologia” foi criado por Hernst Haedel em 1869 e designa o estudo das relações de um organismo com seu ambiente orgânico ou inorgânico, a dinâmica dos ecossistemas e os relacionamentos entre todos os seres vivos uns com os outros. O estudo da ecologia ampliou-se e hoje ela já possui algumas ramificações, como a ecologia humana, que estuda a relação dos homens com seu ambiente em vários aspectos, e a ecologia urbana, que estuda as relações biológicas, culturais e econômicas entre os homens e o meio ambiente urbano.
James Lovelock, médico e biólogo britânico, foi um dos principais proponentes da Hipótese de Gaia, que afirma que os seres vivos e o material inorgânico são parte de um sistema único e dinâmico que forma a biosfera terrestre. Por sua vez, o budismo ensina que a própria Terra, incluindo não apenas os seres animados, mas também montanhas, rios e tudo mais, são um único organismo que interagem entre si, o que é explicado pelo conceito de origem dependente.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

A Chave da Vitória

Editora Brasil Seikyo Terceira Civilização - Edição 517 - 17/09/2011 - Pág.53 - Capa
Impresso por Gracilene Maria Daniel de Souza (67114-2).
Terceira Civilização - Capa

É uma certeza! Seus desejos serão realizados. Sua vida será transformada. A felicidade, conquistada. Seu destino, redesenhado. Seu futuro, brilhante. Você será capaz de ultrapassar qualquer desafio. Como ser uma pessoa assim? Aprenda a utilizar a CHAVE da vitória.


O que é vitória?
Vitória é felicidade absoluta. O segundo presidente da Soka Gakkai, Jossei Toda, afirma: “FELICIDADE ABSOLUTA chama-se iluminação. Então, o que é a felicidade absoluta? É sentir profunda alegria e satisfação apenas pelo fato de estar vivo. Não haverá mais dificuldade financeira, a vida transbordará de boa saúde, harmonia familiar, sucesso no trabalho. Enfim, sentir plena satisfação em tudo o que vê, em tudo o que ouve. ‘Ah! Como sou feliz!’ Quando isso ocorre, este mundo mundano se transforma na terra pura da iluminação e isso se chama felicidade absoluta”.
O que deve ser compreendido é que qualquer um dos itens descritos acima nasce da mente. Construir uma vida assim é responsabilidade sua! Felicidade absoluta é resultado de um esforço criativo para transformar a realidade cotidiana. É dedicar-se por inteiro, dando seu melhor em tudo o que faz.
Portanto, vitória é tornar-se “senhor da sua mente”; ou melhor, ser o mestre da sua mente. É dominar a vida e ter todas as leis vitais sob seu comando.


O cérebro transforma a realidade
Vários ramos da ciência têm se dedicado a decifrar os diversos mecanismos mentais. Comprovadamente, já se sabe que o cérebro transforma a realidade. Como ele faz isso?


Memória associativa
Nosso cérebro é formado por cerca de 86 bilhões de pequenas células chamadas neurônios que se conectam entre si formando uma rede neural. Em cada conexão está registrado um pensamento. O cérebro constrói a própria realidade por meio de memórias associativas. São associativas porque conectam pensamentos, palavras e ações para construir conceitos. Esses conceitos comandam as reações na forma de novos pensamentos, novas palavras e ações.
Uma pessoa registrou negativamente a experiência do amor ao ter uma desilusão amorosa. Quando o sentimento do amor for acionado novamente, ela faz associações, revive pensamentos, ideias e sensações do passado; e o presente será “colorido” com dor.
É curioso notar que essas memórias negativas foram colocadas na mente no passado. Portanto, o cérebro cria conexões e reações idênticas ao que já ocorreu, modificando seu corpo e ambiente de acordo com o passado. A pessoa sempre reage da mesma forma em situações que poderiam ser enfrentadas de um jeito melhor.
Assim como um cérebro pode estar programado para reagir negativamente diante de uma situação, pode, também, reagir positivamente. O que define isso é o estado da vida. Mas a pergunta é: como fazer isso?


Estado da vida e cérebro
Fisiologicamente, os neurônios estão conectados. Se praticarmos algo diariamente por muito tempo, essas conexões tornam-se conexões de “LONGA DATA”. Por exemplo, uma pessoa que fica frustrada por muito tempo, lamenta todo dia, cria conexões negativas de longa data e estas se ligam às demais.
Em termos práticos, a frustração ou a lamentação “inunda” o cérebro, e essa sensação torna-se o estado básico da vida. Por mais que haja momentos positivos, a pessoa sempre retorna para sua tendência básica.
Assim como a felicidade, o sofrimento é resultado de uma “prática diária”. Todos os dias a pessoa acorda e pragueja. Trabalha e reclama. Almoça e fala mal de alguém. Volta para casa e lamenta seu dia. É como se ela fizesse uma oração de lamentação 24 horas por dia. É uma dedicação extraordinária à negatividade. A vida (corpo e mente) reage com precisão a esse estímulo diário. Por mais que ela não queira sofrer, seus pensamentos, suas palavras e ações dizem o contrário. Naturalmente, sua realidade será igual àquilo que acredita.
A forma de ROMPER essa negatividade é INTERROMPER o processo de conexão de longo prazo dos neurônios e criar novas ligações neurais positivas. Parece um processo difícil. Mas o Budismo Nititen praticado na SGI simplifica e apresenta uma solução viável, eficiente e acessível a todos.
Recitar diariamente o Nam-myoho-rengue-kyo cria as conexões positivas de “longa data”. Somadas à oração, as atividades da SGI — reuniões, prática do Chakubuku etc. —, que estimulam a revolução humana, criam “redes neurais da felicidade”. A correta prática da fé fortalece essas conexões positivas.
O Budismo Nitiren propõe uma PRÁTICA DIÁRIA (de manhã e à noite), pois a interrupção do processo de configuração mental faz os neurônios se desconectarem das novas ligações positivas. A repetição da prática budista é fundamental.
Essa mudança da “oração” negativa para o Nam-myoho-rengue-kyo, aliada à revolução humana, gera circuitos cerebrais que crescem como resultado do esforço. Isso será repetido no dia seguinte ainda com mais certeza. Diariamente, você amplia e se fortalece até o pensamento ficar mais forte que a realidade.
Um membro da SGI acorda. Recita Gongyo e Daimoku. Enche-se de entusiasmo, criando um estado da vida que supera a realidade. Trabalha com disposição. Encara o mundo com uma perspectiva positiva. Volta do trabalho. Participa de uma animada Reunião de Palestra. Faz Chakubuku. Ora novamente. E renova sua coragem e seu ânimo.
É uma dedicação extraordinária ao estado de Buda. Como não há oração sem resposta, sua realidade será a de um Buda, repleta de benefícios e de felicidade.

A mente cria realidades
Uma das descobertas dos cientistas é que A MENTE constrói a realidade em todos os seus aspectos. Seu corpo, relacionamento com as pessoas e o ambiente natural são definidos a partir das conexões neurais. A solução é mudar a rede neural. Como consequência, mudar positivamente o comportamento e a interação com o mundo; deixar para trás os velhos padrões.

Reações químicas
À medida que o cérebro recebe estímulos diários, ele passa a produzir substâncias que desencadeiam reações em todo o corpo.
Determinadas substâncias, produzidas em áreas específicas do cérebro, afetam as células que são a menor parte consciente do corpo. Existem reações químicas que combinam com cada estado da vida.
De acordo com o estado da vida, o cérebro libera substâncias correspondentes que se espalham na corrente sanguínea e se encaixam nas células por meio de receptores. Quando as células se acostumam com as substâncias, passam a “exigir” cada vez mais a produção destas. O cérebro, para atender essa demanda, muda as conexões para a pessoa criar situações propícias, gerando um estado da vida que atende àquela necessidade.
O presidente Ikeda declara que “o cérebro humano contém um universo de possibilidades. O Dr. Normam Cousins afirmou: ‘Com relação aos BILHÕES DE NEURÔNIOS do cérebro humano, não hánada mais magnífico que a capacidade do CÉREBRO de converter pensamentos, esperanças, ideias e atitudes em substâncias químicas. Portanto, tudo COMEÇA COM A FÉ. Aquilo em que acreditamos é a opção mais poderosa de todas’. A fé está na origem de tudo, e sua suprema forma é a fé na Lei Mística”.

Editora Brasil Seikyo Terceira Civilização - Edição 517 - 17/09/2011 - Pág.57

O fascínio da mente humana

Trecho do livro A Sabedoria do Sutra de Lótus

Pres. Ikeda: Diz-se que o cérebro torna-se-á na maior fronteira da ciência no próximo século. É um vasto domínio que pode ser descrito como um cosmos em miniatura, um universo de fato. Acredito que até agora as pesquisas sobre o cérebro enfocaram amplamente as funções das partes individuais do cérebro.
Suda: Sim. As partes do cérebro que processam as emoções, e mesmo as partes que distinguem símbolos gráficos já foram identificadas.

Pres. Ikeda: À medida que prosseguem as pesquisas sobre o cérebro, estamos descobrindo que ele não é uma simples aglomeração das funções de suas partes. Por exemplo, o cérebro humano consiste em duas partes: o lado esquerdo, que controla as funções intelectuais, e o lado direito, que controla as atividades criativas e artísticas. Mas o fato surpreendente é que há indivíduos que desempenham plenamente suas funções e que carecem de um hemisfério do cérebro. Por exemplo, havia um jovem que levava uma vida completamente normal, mas descobriu-se durante um exame médico rotineiro que lhe faltava seu hemisfério esquerdo. Uma vez que lhe faltava o hemisfério que dirigia sua atividade intelectual, poderia esperar que ele fosse incapaz de compreender a linguagem ou de controlar o lado direito de seu corpo. Mas não era este o caso. Seu hemisfério direito havia tomado as funções que lhe faltavam no lado esquerdo.

Endo: A vida é realmente misteriosa. Há muitos relatórios de crianças nascidas com alguma disfunção porque faltavam partes de seus cérebros, mas que, à medida que cresciam, os próprios cérebros se reparavam; até a época em que atingiam a maturidade, essas crianças eram completamente normais.
Há jardins de infância que permitem que essas crianças desenvolvam-se num ambiente normal com outras crianças. Mesmo crianças nascidas somente com o tronco cerebral e com uma parte do lombo frontal, por meio dessa interação e estímulo positivo, aprenderam a brincar com outras.

Pres. Ikeda: Isso é muito interessante. A vida tem um POTENCIAL que é realmente insondável. Finalmente, estamos vendo o enorme poder que possui. Eis por que jamais devemos desprezar alguém. Em particular, nunca devemos colocar limites aos nossos potenciais. Em muitos casos, nossas assim chamadas limitações não são nada mais do que nossa decisão de nos limitarmos.


Editora Brasil Seikyo Terceira Civilização - Edição 517 - 17/09/2011 - Pág.60 – Capa


O cérebro, um universo

Por Dr. Daisaku Ikeda, presidente da SGI

O cérebro humano também é frequentemente considerado como o próprio Universo em miniatura em virtude do seu potencial ilimitado. A chave está em como extrair esse potencial. Quando observamos nosso corpo em funcionamento, podemos dizer que ele lembra enorme indústria farmacêutica. Nosso corpo produz o próprio remédio e suas drogas e possui a habilidade de proteger a saúde e o bem-estar.
É de fato um MICROCOSMO verdadeiramente maravilhoso.
O Universo é composto por um incalculável número de partículas elementares: prótons, elétrons, nêutrons, fótons; e também por átomos que compreendem os elementos químicos, tais como hidrogênio, oxigênio e cálcio. Essas mesmas partículas e elementos constituem nosso corpo. Um estudioso sugeriu que “o corpo humano é feito do mesmo material que as estrelas”, e denominou os seres humanos de “filhos das estrelas”. Nosso corpo não somente é feito da mesma composição do Universo, como também é governado pelos mesmos princípios básicos de geração e desintegração e pelo ritmo de vida e morte que permeia o cosmos.
Todas as leis físicas, como a da gravidade e a da conservação de energia, também afetam e operam no microcosmo de cada entidade viva.
A Terra leva 365 dias, cinco horas e 48 minutos para completar sua órbita em torno do Sol. Há uma ordem rigorosa para tudo.
Sabe-se que nosso corpo é constituído por mais de sessenta trilhões de células. Quando elas estão trabalhando diariamente, de forma ordenada e sistemática, realizando suas respectivas funções corretamente, isso significa que estamos desfrutando boa saúde. A complexidade e a precisão do funcionamento do corpo humano são surpreendentes.
Quando fazemos o Gongyo e recitamos o Daimoku diante do Gohonzon, o microcosmo de nossa vida individual entra em FUSÃO com o macrocosmo.
O Universo e nossa vida são manifestações da Lei Mística, do Nam-myoho-rengue-kyo. O Gohonzon também incorpora o Nam-myoho-rengue-kyo. Uma vez que todos são entidades da Lei Mística, eles são essencialmente unidos.
Portanto, quando recitamos o Nam-myoho-rengue-kyo e focalizamos nossa atenção no GOHONZON, nossa vida e o Universo se unem como as engrenagens de uma máquina funcionando harmoniosamente com perfeita precisão, e passamos a seguir na direção da felicidade e da realização. Dessa forma, podemos estar em ritmo com o Universo nos 365 dias do ano — na primavera, no verão, no outono e no inverno —, manifestando vigor, sabedoria e boa sorte com os quais superamos quaisquer problemas ou sofrimentos.
Quando REVITALIZAMOS a poderosa máquina do estado de Buda, tornamo-nos capazes de transpor qualquer impasse e, corajosamente, tomar o rumo em direção à esperança e à justiça.

Fonte: BS, edição no 1.484, 14 de novembro de 1998, p. 3.

Editora Brasil Seikyo Terceira Civilização - Edição 517 - 17/09/2011 - Pág.62

Diálogo com um agricultor

No volume 1 da Nova Revolução Humana, o presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda dialoga com um agricultor imigrante japonês. O assunto era o fracasso da plantação do agricultor. O presidente Ikeda o orienta de forma prática e revela a chave da vitória:

A COLHEITA
Um senhor, aparentando pouco mais de 40 anos, começou a falar nervosamente.
— Meu trabalho é a agricultura, senhor!
— Por favor, fique mais à vontade. Não estamos num exército. Todos são companheiros e membros de uma mesma família. Por isso, sinta-se como se estivesse em sua própria casa.
(...) A pergunta referia-se ao fracasso na colheita de hortaliças, isso porque ele havia iniciado recentemente o cultivo. Ele ficara atolado em dívidas e queria saber como superar aquela situação.
Shin-iti perguntou-lhe:
— Qual foi o motivo do insucesso na colheita?
— Imagino que o clima tenha influenciado um pouco...
— O senhor sabe se alguém alcançou êxito plantando a mesma espécie?
— Sim. Mas a maioria teve fracasso.
— Será que não houve problema de adubação?
— Não tenho certeza...
— E quanto aos cuidados com a plantação, será que foram adequados?
Ele não soube responder.
— A espécie de hortaliça e o tipo de solo eram compatíveis?
— Não sei...
Aquele senhor não soube responder satisfatoriamente às questões levantadas por Shin-iti. Como fazendeiro, ele trabalhara com toda a seriedade, fazendo o melhor possível, assim como os demais.
Mas achar que apenas isso era suficiente acabava levando-o ao descuido. Ele não havia percebido esse erro. Shin-iti começou a falar de forma mais acentuada.
— Para não repetir o mesmo fracasso, o senhor deve PESQUISAR e VERIFICAR minuciosamente as causas do insucesso na colheita. É importante também consultar e ouvir as pessoas que tiveram uma boa safra para aplicar as experiências dessas pessoas em seu trabalho. Além disso, procure ESTABELECER TODOS OS PLANOS para não cometer outro fracasso. Uma pessoa que está realmente DECIDIDA A VENCER não dispensa a constante pesquisa e aplicação na criação de todos os recursos necessários. Se houver negligência nessa conduta, não poderá obter sucesso algum. É um grande erro imaginar que terá uma abundante colheita em sua horta apenas porque está se empenhando na prática da fé. O Budismo é a mais suprema razão. Portanto, a fervorosa prática da fé deve ser evidenciada por meio de um esforço redobrado na PESQUISA, no PLANEJAMENTO e na CRIATIVIDADE. A recitação do Daimoku com toda a seriedade é a fonte básica de onde brotará a energia para esse grande desafio. Além do mais, seu Daimoku deve ser como o Juramento.
— Juramento...? — perguntou o senhor. Todos estavam ouvindo aqueles conceitos pela primeira vez.
— Sim, Juramento — respondeu Shin-iti — Isso significa fazer o Juramento e orar para realizá-lo.
Shin-iti ressaltou suas palavras pondo mais vigor na voz.
— Quando se trata de oração, existem pessoas que não se esforçam e ficam apenas esperando que a resposta de seu pedido caia do céu. Se uma religião permite essa conduta, então estará corrompendo o ser humano. No Budismo Nitiren, a ORAÇÃO é originalmente o JURAMENTO e sua essência, o KOSSEN-RUFU. Em outras palavras, significa orar resolutamente com a seguinte determinação: “Eu vou realizar o Kossen-rufu do Brasil. Para isso, vou demonstrar brilhantes comprovações também em meu trabalho. Por favor, faça que eu possa evidenciar o máximo de minhas forças”. Este deve ser o contexto básico de nossas orações. Com essa DISPOSIÇÃO, devemos estabelecer OBJETIVOS CLAROS a serem realizados concretamente a cada dia, desafiando-os e orando pela concretização de cada um deles. É dessa seriedade e forte determinação que emergem a sabedoria e a criatividade, e é daí que se abre o caminho do sucesso. Portanto, a vitória na vida surge da interação entre “DECISÃO” e “ORAÇÃO”, “ESFORÇO” e “PLANEJAMENTO”. É um erro querer ganhar uma grande fortuna apenas sonhando ou ficando na expectativa de uma oportunidade de ganho fácil e lucrativo. Isso não é fé; é apenas uma fantasia. O trabalho é a base que sustenta a vida diária. Se não obtiver vitória no trabalho, não é possível comprovar o princípio de que o “budismo é a própria vida diária”. Por favor, abandone por completo a postura acomodada e empenhe-se mais uma vez no trabalho, conduzindo todo o seu ser com renovada decisão.
— Sim. Eu vou me esforçar.
Seus olhos brilhavam com uma nova determinação. Shin-iti estava plenamente ciente da difícil e penosa situação dos imigrantes agrícolas. Para atingir o sucesso nessa circunstância, seria necessário, mais do que qualquer outra providência, que eles lutassem contra o próprio comodismo e conformismo. O inimigo estava dentro deles.
Quanto mais adversa for a situação, mais importante será a RESOLUÇÃO de que agora é a época de alcançar a vitória na vida. É exatamente nessa hora que se evidencia a força benéfica do Gohonzon.
Por essa razão, pode-se qualificar as condições desfavoráveis como uma chance para comprovar a força do Budismo.
O Budismo expõe realmente que, se uma pessoa comete algum mal contra seus semelhantes, ela terá de trilhar um curso de infelicidades como resultado dos atos negativos do passado. Entretanto, este é somente um aspecto dos ensinos budistas. Se a vida se restringisse apenas a isso, as pessoas teriam de viver numa constante insegurança justamente por não conseguir saber as causas negativas de existências passadas. Elas carregariam um grande complexo de culpa. E o destino constituiria algo previamente delineado e provocaria nas pessoas o desinteresse pela própria vida. Portanto, elas se tornariam adeptas de um modo de vida passivo no qual a única preocupação seria a de não cometer nenhum mal.
O Budismo Nitiren transcende o limite da concepção superficial da lei de causa e efeito, de castigo e recompensa, e revela a natureza real da causalidade e a forma como recuperar o estado de pureza da vida, que existe desde o infinito passado. Ou seja, uma pessoa deve viver em prol do Kossen-rufu consciente da MISSÃO como Bodhisattva da Terra.

Fonte: NRH, v. 1, p. 194-197.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Rio Grande do Norte integra política de práticas complementares no Sistema Único de Saúde

Foi publicado no Diário Oficial do Estado dessa terça-feira (28) a portaria que aprova a Política Estadual de Práticas Integrativas e Complementares (Pepic) no Sistema Único de Saúde do Rio Grande do Norte, que tem como princípio básico a abordagem da atenção integral à saúde dos indivíduos, pautada no cuidado humanescente.
No RN, as práticas irão incluir a acupuntura, homeopatia, plantas medicinais e fitoterapia, crenoterapia (uso de águas minerais para tratamento de saúde), medicina antroposófica (integralidade do cuidado em saúde), práticas corporais transdisciplinares (harmonização de processos energéticos na estrutura corporal) e vivências lúdicas integrativas (diferentes modos de sentir o fluir das emoções).
A Secretaria de Estado da Saúde da Pública (Sesap) designou um grupo técnico que promove reuniões semanais para concretização da implantação da Política das Práticas Integrativas e Complementares (PIC) no RN. Todas as regionais de saúde estão respondendo a um censo para cadastro de profissionais e unidades de saúde que já atuam na área. Após o cadastramento, a previsão é que em julho sejam definidas as unidades de referência em acupuntura, homeopatia e fitoterapia.
Ainda para o mês de julho estão agendados encontros de sensibilização e capacitação dos profissionais de saúde para o uso de fitoterápicos no tratamento de várias doenças.
De acordo com a secretária-adjunta da Saúde, Ana Tânia Sampaio, a implantação das práticas no RN conta com o apoio da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e com a sociedade médica. "É um sonho realizado ver que o RN ganhou sua política de práticas complementares. Agora para o segundo semestre pretendemos implantar a meditação visualizada com os pacientes do CRI e Hospital Maria Alice e próximo ano em todos os hospitais da rede estadual", afirma a secretária-adjunta.
A previsão é implantar, ainda no segundo semestre, as "Farmácias Vivas" em parceria com a Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa), em Mossoró, que irá servir de referência na produção de plantas medicinais. O município também será referência para tratamentos medicinais com águas termais, projeto que já está em negociação em parceria com a Prefeitura de Mossoró e a Secretaria de Turismo.


http://www.omossoroense.com.br/regional/3118-rio-grande-do-norte-integra-politica-de-praticas-complementares-no-sistema-unico-de-saude

domingo, 15 de maio de 2011

RELAÇÃO COM A TEORIA DAS NOVE CONCIÊNCIAS

Pensamento

“A mente humana possui tanto o lado iluminado como o obscuro. Se ignorarmos essa escuridão, jamais reconheceremos a coragem daqueles que a romperam. Aqueles que compreendem que o bem e o mal em sua vida são unos, os que vencem o mal e fortalecem o bem inatos, são pessoas genuinamente corajosas”.

Daisaku Ikeda


RELAÇÃO COM A TEORIA DAS NOVE CONCIÊNCIAS


1ª TATO                      C                    S                             Pele
                                                             E
2ª PALADAR              I                      N                            Língua
                                                             T
3ª OLFATO                N                      I                             Nariz                            
                                                              D
4ª AUDIÇÃO              C                      O                           Ouvidos
                                                              S
5ª VISÃO                    O                                                    Olhos


Os cinco primeiros tipos de consciência são percepções sensoriais obtidas através dos órgãos dos sentidos.


6ª MENTE

O Poder de integrar os cinco sentidos e fazer um julgamento de forma abrangente.
Exemplo: Algo bonito, mas com um péssimo odor, naturalmente rejeitamos.


7ª MANAS

Esta representa o poder do pensamento. Ao invés de fazer julgamentos sobre as coisas percebidas pelos cinco sentidos, essa consciência procura encontrar ordem e leis dentro delas, à luz das experiências passadas e das circunstâncias externas. É característica exclusiva dos seres humanos.


8ª ALAYA

Significa repositório ou deposito, porque todas as experiências passadas – CARMAS – são depositadas aqui. Essa consciência está oculta nas profundezas da vida humana; é o inconsciente, descoberto por Sigmund Freud, através de suas análises dos sonhos. Esse repositório arquiva as impressões recebidas pela mente e, simultaneamente, produz novas ações mentais. Portanto todas as ações da vida, as quais ocorrem sob a lei da causalidade, surgem do domínio desta consciência, que permanece  durante as diversas existências, percorrendo o ciclo de nascimento e morte do indivíduo. A força de nossas ações depositadas como energia latente não diminui nem desaparece por si só.
Quando a pessoa encontra o estímulo apropriado, seu efeito aparecerá, invariavelmente.
As ações cármicas, positivas e negativas, continuarão a existir na ALAYA até que, ativadas por estímulos externos, manifestar-se-ão com os efeitos correspondentes. Assim, as ações do passado exercem influência na vida presente enquanto a vida presente formará por sua vez, o futuro.
A rigorosidade da lei causal é representada, simbolicamente, nas escrituras budistas através das figuras de Dosho e Domyo, dois mensageiros celestes que acompanham a pessoa desde o momento de seu nascimento e registram todas as suas ações sem esquecer o mínimo detalhe.
O grau do carma que a pessoa forma depende da força da intenção, do seu sentimento. 


9ª AMALA

Significa “imaculada”, embora a oitava consciência possa criar causas tanto boas com más, esta nona consciência, que se encontra na parte mais profunda da vida humana, é livre de todas as impurezas que o indivíduo possa trazer como resultado de suas ações em vidas passadas. Nitiren Daishonin elucidou que a nona consciência é o “eu” essencial que existe em todos nós; é o nosso eterno estado de Buda que se estende do passado sem começo ao infinito futuro. Por encontrar-se no nível mais profundo da vida humana, as manifestações dessa consciência podem alterar ou influenciar as demais positivamente. Neste ponto encontra-se a base da transformação do carma através da sincera prática budista.
A teoria das nove consciências é um tema complexo, mas muito interessante; foi desenvolvido pelo grande mestre Tient’ai da China que permite compreender vários aspectos da vida como a questão do carma e dos sofrimentos.
Acredito que, para compreendermos um princípio ou uma teoria budista, a melhor maneira seja procurarmos primeiro percebê-lo em nossa vida diária. Das nove consciências, as cinco primeiras são fáceis de entender, pois estão associadas às nossas percepções sensitivas: a visão, o tato, o paladar, a audição e o olfato. A sexta refere-se à nossa mente, que integra os cinco sentidos e realiza julgamentos relativamente simples com base em noções gerais. Ela procura encontrar a ordem e as leis valendo-se de experiências passadas e circunstâncias externas para fazer um julgamento. Nossas ações diárias são frutos do funcionamento integrado dessas seis consciências.
Associando-se à teoria dos dez mundos ou dez estados de vida, elas corresponderiam aos seis primeiros mundos ou seis caminhos: Inferno, Fome, Animalidade, Ira, Tranqüilidade e Alegria.
Para melhor compreensão, poderia citar como exemplos as ações de abrir a torneira ou apagar a luz. Essas ações remontam a um conhecimento que adquirimos em algum momento, talvez na infância, em que ficou registrado que, se girarmos a torneira, sairá água, ou que a luz acenderá se apertarmos o interruptor. Sabemos distinguir cores, aromas, formas, sons e sabores porque tivemos experiências.
Todas essas informações ficam armazenadas e, sempre que necessário, são processadas em nossas mentes para que formulemos nossas ações. Em resumo, as seis primeiras consciências são como funções que se manifestam a todo instante em resposta às nossas atividades e necessidades humanas.
A mente é um assunto vasto e fascinante. Mesmo hoje, apesar de todo desenvolvimento tecnológico e científico, o funcionamento da mente humana é ainda um dos mistérios mais intrigantes e complexos a serem desvendados pela Ciência. E o budismo, muito antes do surgimento dos computadores, psicanalistas e psicólogos, já abordava esse assunto, elaborando uma teoria profunda para explicar várias questões relacionadas à vida e à felicidade das pessoas.
Quanto mais estudamos o budismo, mais reconhecemos a sua profundidade, e conforme compreendemos os princípios budistas e a relação que existe entre eles, passamos a enxergar nossa vida de uma perspectiva mais elevada e a entender as diversas circunstâncias de nosso dia-a-dia. A teoria das nove consciências é importante por explicar a origem de nossos sofrimentos, o que nos leva a agir de uma determinada maneira ou ter uma determinada reação diante dos acontecimentos do cotidiano, a influência das tendências cármicas na nossa vida, ou seja, tem tudo a ver com aquilo que somos.
Por meio dessa teoria, compreendemos melhor como o Nam-myoho-rengue-kyo age em nossa vida e como ele possibilita todas as pessoas a tornarem-se felizes, transformando tendências de vida negativas em positivas e realizando a revolução humana.
Ao iniciar a prática budista, geralmente os pontos que mais interessam às pessoas referem-se à morte, a Deus e ao carma. Principalmente as pessoas que abraçam outras crenças ocidentais têm certa resistência em aceitar que todos os sofrimentos da vida presente decorrem de causas feitas por ela mesma, nesta e em existências passadas. Primeiro, porque para muitos, a idéia de vida eterna é novidade; segundo, porque acostumaram a acreditar que sua vida era completamente guiada e determinada por fatores externos, como desígnios de um ser superior. Então, assumir a responsabilidade de todos os seus problemas é muitas vezes revoltante, por achar injusto ter de sofrer devido a algo que um “outro” fez no passado e de não se recordar de ter feito algo que mereça tal “castigo”. Muitas vezes nos pegamos com lamentações como: “Puxa, nós não merecemos passar por tudo isto que estamos passando. Ninguém merece passar por tanto sofrimento”. Se estivermos passando por qualquer tipo de problema é porque existe uma causa para isso em nossa vida. Enquanto não cortarmos a raiz do problema, ela sempre se manifestará. Por meio da consciência e da seriedade perante a vida, não permitimos ficar passivos, mesmo diante dos piores obstáculos. Pelo contrário, sentimos vontade de nos empenhar ainda mais para vencer tudo, porque sabemos que somos capazes.
A oitava consciência, alaya (em sânscrito), é o repositório do carma de todas as nossas existências, é onde ficam guardados todos os registros de nossas causas. Por essa razão, não adianta falar mal nem espernear. È claro que não nos recordamos de nada, mas tudo o que fizemos, falamos e pensamos, todas as causas feitas em nossa existência infinita em todos os seus ciclos de nascimento e morte estão marcadinhos ali. Nesse domínio, que se encontra nas profundezas insondáveis da nossa vida, milhões de registros de registros tanto bons como maus estão guardados e não podem ser transformados simplesmente por força do pensamento, por mais intenso que seja. Essa consciência corresponde ao estado de vida de Bodhisattva, que está constantemente em luta contra o mal interno por meio da prática pelo bem das outras pessoas. Somente quando rompemos as barreiras do egoísmo e dedicamos a vida aos outros é que podemos afetar verdadeiramente esta consciência alaya.
É na nona consciência, amala (em sânscrito)  que todas as pessoas se igualam. Nessa consciência, encontramos o estado imaculado de nossa vida, o estado de Buda, que todos possuem. É a que possibilita todos tornarem-se felizes, independentemente das diferenças que possam existir em todas as demais consciências.
Não só a oitava consciência, na qual estão todos os nossos registros de ações, mas a sétima, a mana (em sânscrito), que tem grande influencia em nossa vida. Esta consciência comanda nossas sensações e nossos preconceitos. É uma função do pensamento que opera por nossa própria iniciativa, independentemente das condições externas e está profundamente ligada ao nosso ego. Esta consciência corresponde aos estados de Erudição e Absorção pela sua propensão ao egoísmo, à arrogância e ao auto apego. Pode ser comparada ao que Freud definiu como inconsciente individual. Nessa consciência é que manifestamos, por exemplo, a maneira como concebemos um determinado fato ou como nos portamos diante de uma situação. É conhecida também como a consciência do “apego” e do “amor-próprio”. Associada à tendência cármica que se encontra na oitava consciência é a consciência mano que nos leva a reagir de determinado modo e que produzirá novas causas em nossas vidas. É um pouco complicado, mas é algo que podemos perceber se prestarmos atenção ao nosso redor. Por que para um determinado acontecimento às pessoas agem de maneiras distintas? É porque cada indivíduo tem uma maneira diferente de conceber aquele acontecimento em sua mente, cada um sente de maneira diferente e a reação é expressa de acorde com essa sensação. Posso citar um exemplo que acredito tenha acontecido com a maioria das pessoas: sentir uma antipatia imediata ou uma grande simpatia por alguém que acabamos de conhecer. Por que isso acontece, se nem sabemos como essa pessoa é? Essa é uma reação baseada em algo que está gravado nas profundezas da mente que remonta a algum outro momento da vida. Alguma informação previamente registrada em nossa vida, um preconceito, que nos informa que alguém com aquela característica ou nos fez sentir muito bem ou muito mal no passado e é isso que nos vem à tona. Essa sensação determina a maneira como iremos nos relacionar com essa pessoa. Essas coisas acontecem mesmo. São sensações que temos, mesmo sem saber a causa. Nossos medos e gostos, nossas escolhas e cismas, tudo é reflexo da associação entre as consciências manas e alaya que comandam as outras seis primeiras consciências. Estão no limiar entre a consciência e a subconsciência. Ela reflete em nossas ações, na forma de pensamentos, falas e atos, e são essas novas causas que produzirão novos efeitos, nesse ciclo interminável que interfere em nossa vida.
O pior de tudo é que, geralmente, se não procuramos elevar constantemente nosso estado de vida por meio da prática, essas ações são “puxadas” pelas nossas tendências negativas, e acabamos fazendo novas más causas e assim por diante. É como uma grande bola de neve. É necessário também termos consciência das nossas fraquezas e tendências negativas e da importância de procurarmos mudá-las. Não adianta meditar por horas ou orar, para depois sairmos por aí falando da vida dos outros ou sendo estúpidos ou arrogantes com as pessoas. Temos que desafiar na realização da prática sim, mas também temos de vencer as maldades que procuram desnortear nossa mente, e para isso precisamos de coragem e sabedoria para perceber nossos erros e corrigi-los, enfim, para realizar a própria revolução humana. Enquanto deixarmos que nossas tendências cármicas nos dominem, continuaremos errando sem perceber ou podemos chegar a ponto de não entendermos mais que aquilo que estamos fazendo está errado. Com essa consciência perturbada, toda a ação tem explicações e são razoáveis. Conseguimos encontrar lógica nas situações mais absurdas que a pessoa mesmo cria. A essa altura, totalmente tomada pelos estados mais baixos de vida, a pessoa jamais admitirá falhas de sua parte. Sempre culpará os outros pelos seus fracassos, subjugará os mais fracos e os manipulará como simples objetos, e estará permanentemente insatisfeito e arquitetando novos planos maquiavélicos para derrubar aqueles que considera uma ameaça para si com um ódio insaciável. São pessoas de natureza egocêntricas e corrompidas. Então fica muito claro que o mais importante é o que está em nosso coração, nossa fé e prática sincera, se estamos realmente buscando, a todo momento, nos desenvolver como seres humanos e se nosso objetivo é nos tornar um valor humano para a paz do mundo. As aparências podem enganar por algum tempo, mas a lei de causa e efeito é verdadeira e rigorosa e transparece em nossa vida, em nosso aspecto e em nossas atitudes claramente. Quando encontramos pessoas, que aos olhos de todos estão realizando sua prática regularmente, porém sua vida não apresenta uma mudança significativa mesmo após anos ou que, de tempos em tempos, vêem-se à volta dos mesmos problemas anteriores.
É porque talvez continuem alimentando alguma tendência negativa de sua vida que não conseguem reconhecer ou, mesmo percebendo, não conseguem desafiar e mudar. E essa tendência pode ser até algo simples e aparentemente inofensivo como a preguiça de acordar cedo, estudar, caminhar, ler, ou ainda uma característica de sua personalidade como fraqueza, timidez, avareza, ficar facilmente irado, irresponsabilidade, ansiedade, falta de coragem, insensatez, escapismo, insegurança, autocomiseração, apego, baixa auto-estima, irracionalidade, materialismo, sentimentalismo etc. Em pequenas doses e aliados a um senso comum, são aspectos que qualquer mortal comum manifesta vez ou outra. Contudo, caso se tornarem à característica principal de uma pessoa, podem arruinar a sua vida.
O que determina tudo isso são as nossas consciências, principalmente a sétima e a oitava, que aliam nossas sensações ao nosso repositório do carma e incidem sobre nossas atitudes. É por isso que esse assunto é muito interessante e importante, porque tem a ver com a nossa maneira de ser que está intimamente ligada com nossa atual condição de vida e , por tabela, com a futura.
Nossos pensamentos operam a partir dessas consciências, do nosso interior. Então nossa transformação também tem de se iniciar a partir do nosso interior. O budismo elucida a existência da nona, o nosso estado de vida imaculado de infinita sabedoria. Somente quando baseamos nossos pensamentos, palavras e ações sob a luz dessa nona consciência é que conseguimos direcionar nossa vida para verdadeira felicidade. Sob essa condição, todas as nossas características, até mesmo as citadas há pouco, podem ser transformadas em virtudes ou fatores positivos para nossa vida. É dessa forma que assumimos as rédeas de nosso futuro e que nos desatamos das amarras do carma. É isso que buscamos em nossa vida. Mas como alcançar essa nona consciência, se todos os nossos pensamentos e ações são influenciados pelas outras consciências?
A grande benevolência de Nitiren Daishonin é a reposta. Nitiren Daishonin revelou a essência do Sutra de Lotus, o Nam-myoho-rengue-kyo e inscreveu o Daí-Gohonzon justamente para que qualquer pessoa pudesse alcançar essa nona consciência que ele mesmo havia experimentado e manifestado. Entender que o Nam-myoho-rengue-kyo e o Gohonzon existem dentro de nós e que podemos transformar todas as circunstâncias negativas e viver plenamente é o ponto fundamental do Budismo de Nitiren Daishonin.
Em “Resposta a Dama Nitimyo”, Nitiren diz: “Nunca procure o Gohonzon em outros lugares. Ele somente pode habitar o coração das pessoas comuns como nós que abraçam o Sutra de Lotus e recitam o Nam-Myoho-rengue-kyo. O corpo é o palácio da nona consciência e a entidade que fundamentalmente reina sobre todas as funções espirituais do homem.” (As Escrituras de Nitirem Daishonin, vol. 1, pág. 325.) Essa frase expressa isso claramente. A felicidade ou infelicidade depende daquilo que está dentro de nós, ou seja, depende somente de nós. A maneira como buscamos essa felicidade é o que determinará o resultado, que será evidente em todos os aspectos de nossa vida. Enquanto procurarmos nossa felicidade em alguma coisa, algum lugar ou alguém, ficaremos vagando e patinando infinitamente em nossas ilusões projetadas pelas consciências ligadas ao nosso carma. Como foi dito há pouco, somente quando baseamos nossa vida no estado de Buda da nona consciência é que ela passa a ser direcionada para o caminho da verdadeira felicidade com total liberdade. É como uma luz forte que ilumina o trajeto totalmente escuro no qual até então percorríamos devagar tateando com medo, ansiedade, dúvida e hesitação.
Imbuir-se de coragem e sentar-se diante do Gohonzon (Objeto de devoção), e realizar o Gongyo(importante cerimônia diante do Buda Original – diante da nossa vida) e recitar o Nam-myoho-rengue-kyo (Daimoku) é o primeiro passo para a nossa transformação e para a nossa felicidade, mas ainda não é tudo.
Nitiren Daishonin afirma que “não existe felicidade maior na vida do que recitar o Nam-myoho-rengue-kyo” e Nitikan Shonin expressou que “as orações do devoto do Sutra de Lotus jamais ficam sem serem concretizadas” e isso sem dúvida é a grande verdade. Contudo, acredito que existem fatores importantes que condicionam a qualidade e o tempo para que os resultados de nossas orações surjam. A determinação, ou itinen (matéria que posteriormente mandarei), é algo que não pode faltar, pois é o que possibilita a transformação de todas as circunstâncias a nossa volta. Uma firme oração com a decisão de vencer qualquer obstáculo já é um grande passo para a vitória. A sinceridade e a seriedade também são fundamentais. As verdadeiras intenções, o que está em nosso coração é o que direciona a nossa mente e isso refletem em nossa vida como um todo.
O que se passa em nossa mente quando oramos?
Todas as contas para pagar, o barulho da televisão, a poeira sobre o móvel, a posição das velas, a hora, o telefone, ou realmente conseguimos ver a nossa vida refletida no Gohonzon e estamos decididos a nos dedicar pelo kossen-rufu (paz mundial). Não é porque oramos o Daimoku diante do Gohonzon que automaticamente conseguimos atingir a nossa consciência amala, o estado de Buda. É o itinen que abre esse caminho. É a firme determinação de vencer nossas fraquezas e dificuldades, de servir realmente para o bem das outras pessoas e da sociedade, que fará com que esse grandioso estado de vida que possuímos inerente se manifeste. É por meio dessa disposição que surgirão a sabedoria e a coragem para superar todas as questões. Com certeza, por meio desse itinen, podemos manifestar a grande sabedoria do Buda e enxergar a solução para todos os nossos problemas. Enquanto estamos presos às correntes do carma, é como se estivéssemos em meio a um caos, sem saber como sair e para onde ir. Quando manifestamos a sabedoria do Buda é como se nos elevássemos a um nível muito acima desse ambiente repleto de problemas e pudéssemos observar claramente todos os caminhos, todas as oportunidades e saídas.
Antigamente utilizava-se de maneira displicente o termo kyoti myogo (fusão da realidade e sabedoria) como se pudéssemos, a todo instante, realizar um Daimoku de profunda ligação com a Lei Mística que permeia todo o Universo, capaz de influenciar as três existências do passado, presente e futuro. Sem dúvida, acredito que todo o Daimoku realizado em nossa vida fica registrado positivamente como uma espécie de grande poupança que nos direciona para a felicidade. Mas nós só conseguimos recitar aquele Daimoku, capaz de mudar até mesmo nosso aspecto e nosso destino, num instante específico, quando nos encontramos em algum momento muito crítico ou decisivo.      Eu, pelo menos, sinto que aquele Daimoku que realizei quando minha vida estava em jogo, há um ano e meio, foi diferente de todos o que já havia recitado até então, e isso mudou muito a minha maneira de ser e de encarar a vida.


Bibliografia:

Livro: “Vida Um Enigma, uma Jóia Preciosa” Daisaku Ikeda
Terceira Civilização nº 328 Dezembro 1995.
Terceira Civilização nº420 e 421 – Agosto e Setembro 2003.

Pesquisado e organizado por:
Gracilene Maria Daniel de Souza